Após rompimento, Cláudio Castro não fala mais com seu vice e têm projetos políticos diferentes - Tribuna NF

Após rompimento, Cláudio Castro não fala mais com seu vice e têm projetos políticos diferentes

Desde que o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o vice, Thiago Pampolha (MDB), romperam politicamente, os dois pouco se falaram. Quando o fizeram, o contato se deu de forma protocolar: congratulações mútuas pelo aniversário de um e de outro, cumprimentos frios em solenidades e ligação do chefe do Executivo estadual para dar parabéns ao vice pelo nascimento da filha. Nada de conversar sobre política.

Dois meses se passaram desde a demissão de Pampolha da Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, mas a dupla segue afastada, com projetos distintos para as eleições de 2024 e 2026. No Palácio Guanabara, quase não se cruzam, já que — de forma invertida — Castro despacha do anexo geralmente usado pelos vices, enquanto Pampolha tem sala no edifício principal.

Sem a secretaria, Pampolha não ficou com nenhuma função específica no governo, mas costuma ir ao Guanabara duas a três vezes na semana. Além de conversar com prefeitos e deputados com quem tem boa relação, dedica-se ao MDB, ao qual se filiou no início do ano. A escolha foi um dos pivôs do rompimento com o governador, que queria que ele ficasse no União Brasil, controlado no estado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, que, assim como o vice de Castro, pretende ser candidato ao governo em 2026.

Atuação partidária

Na nova sigla, Pampolha assumiu o comando do diretório municipal, tocou filiações na última janela partidária e ajudou a preparar as candidaturas do partido para as eleições de outubro. Para a prefeitura do Rio, defende que o MDB tenha a candidatura própria de Otoni de Paula, tida como de difícil consolidação nos bastidores. Parte da legenda considera apoiar o pré-candidato endossado por Castro, Alexandre Ramagem (PL), o que seria o pior cenário para o projeto político de Pampolha. Outros setores, em maior número, querem o prefeito Eduardo Paes (PSD), também um potencial adversário do emedebista caso dispute o estado daqui a dois anos.

O vice descarta hoje qualquer reaproximação política.

— Não fui eu que briguei. Fui enxotado da secretaria. Quem arrumou a briga foi ele, não cabe a mim esse gesto de reaproximação — afirma. — Não tenho problema pessoal com ele, mas politicamente a gente se desalinhou.

Castro é mais cerimonioso ao falar do ex-aliado. Também reconhece que há um rompimento, mas se coloca “aberto ao diálogo”.

— Fomos eleitos juntos. Ele está tocando a vida partidária dele, mas estou sempre aberto ao diálogo — diz.

A relação pode ser fundamental para a sucessão de Castro em 2026. Caso siga o caminho tido como natural e se licencie do mandato em abril do ano eleitoral para poder disputar outro cargo, o governador entregaria o Guanabara a Pampolha. O emedebista teria a máquina do estado nas mãos para uma campanha de reeleição. A hipótese é crítica para quem anseia representar a continuidade de Castro, caso de Rodrigo Bacellar.

Depois da eleição de 2022 e no início do atual mandato, o discurso era de que Castro tinha como objetivo o Senado em 2026. A hipótese segue viva, mas o governador tem manifestado a possibilidade de tentar a Câmara ou mesmo de ficar até o fim da gestão e não disputar nenhum cargo.

Fonte: O Globo

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Alerj

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