Depois do crime, bancada evangélica discute afastamento de Flordelis - Tribuna NF

Depois do crime, bancada evangélica discute afastamento de Flordelis

BRASÍLIA — Na bancada evangélica da Câmara dos Deputados, se discute o que fazer a respeito de um assunto incômodo: a vice-presidente da frente é a deputada Flordelis (PSD-RJ), suspeita de envolvimento na morte de seu marido, o pastor evangélico Anderson do Carmo. Em uma reunião da frente nesta terça-feira, um grupo de deputados defendia que ela fosse afastada do cargo. Outros ponderavam que, como cristãos, cabe aguardar uma acusação formal contra ela antes de tomar qualquer atitude. Era difícil chegar a um consenso.

Em meio às discussões, porém, Flordelis chegou à reunião, atrasada, e o assunto mudou. Ela cumprimentou os colegas e, de resto, se manteve calada. Antes da morte do marido, a deputada e cantora gospel era uma das mais ativas da frente, uma das poucas mulheres com a se envolver em articulações durante as reuniões e a participar das discussões do grupo.

— Como evangélicos, o importante nesse momento é evitar qualquer tipo de pré-julgamento — diz Gilberto Nascimento (PSC-SP).

O pastor Abílio Santana (PL-BA), amigo de Anderson e Flordelis, é um dos que se amargurou com a morte do pastor, de quem era muito próximo. No grupo de WhatsApp da frente evangélica, ele posta notícias sobre o envolvimento de Flordelis e pede que Justiça seja feita por seu amigo.

Flordelis está no grupo, mas não responde às mensagens. Procurado, Abílio não quis comentar o caso. Recentemente, a deputada chegou a procurar o pastor Marco Feliciano (PODE-SP) para intermediar uma conversa sua com Santana e reatar a amizade.

O pastor baiano, que conhece Flordelis e Anderson há duas décadas, negou encontrá-la nessas condições, segundo interlocutores seus. Assim como os outros deputados da frente, ele tem mantido distância de Flordelis desde o crime.

A deputada tem comparecido regularmente às sessões da Câmara, mas só por alguns minutos, para marcar presença ou votar. Não se dedica às conversas que costumava ter com colegas. Procurada pelo GLOBO, disse que só sua advogada poderia comentar a investigação.

Deputados dizem que ainda a cumprimentam, mas, como aguardam a conclusão da investigação policial para formar opinião, têm evitado conversar. Alguns já especulam como irão se portar em um eventual processo de cassação, caso haja uma acusação contra a deputada.

O inquérito policial do caso, ao qual O GLOBO teve acesso, mostra que pelo menos cinco filhos do casal —de um total de 55, a maioria adotivos — deram depoimentos que comprometem a mãe. O mais contundente foi o do vereador de São Gonçalo Wagner Pimenta, conhecido como Misael, que chamou Flordelis de “mentora intelectual” do crime.

Fonte: O Globo

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