Eleição no Rio: Na primeira inserção na TV, PL cola Ramagem à imagem de Bolsonaro
Ainda tímida, a pré-campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio aposta na associação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para se intensificar nos próximos dias. A primeira etapa começa hoje, dia em que o partido passa a ter direito a inserções partidárias regionais na TV. Na região metropolitana do estado, cerca de metade dos vídeos da sigla vai ser dedicada a Ramagem, que aparece em peças ao lado de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O formato utilizado nas inserções, apurou o GLOBO, é o de bate-papo entre o pré-candidato e o casal Bolsonaro. A ex-primeira-dama gravou materiais com pré-candidatas do PL em outros municípios do estado — no mesmo estúdio e em modelo idêntico de interação —, mas Bolsonaro foi exclusividade de Ramagem. As peças de Michelle com mulheres do partido são consideradas de enorme potencial pelo PL em locais de pequeno e médio porte.
No vídeo em que o ex-presidente conversa com Ramagem, temas como empreendedorismo, “princípios” e “valores” são abordados. Ao fim, há um aperto de mão. Já no de Michelle, o deputado afirma que “a questão prioritária é a segurança”, forma de acenar aos cariocas numa área sensível e geralmente associada ao governo estadual. A presidente do PL Mulher, então, defende “mais mulheres” na vida pública e, antes de também apertar a mão do pré-candidato, afirma que estarão “trabalhando juntos”.
Mais do que o conteúdo em si, o PL avalia os apertos de mão como o grande trunfo das inserções. Outro momento ao qual o entorno do deputado confere importância neste período da pré-campanha é um ato marcado na capital. Organizado pelo pastor Silas Malafaia para demonstrar a força política de Bolsonaro, a exemplo do que foi feito em fevereiro em São Paulo, a manifestação é cobiçada por aliados que querem associar a própria imagem ao ex-presidente, como Ramagem.
Ainda não foi batido o martelo se o pré-candidato à prefeitura vai discursar. Há preocupação com o risco de a Justiça considerar que está sendo feita campanha antes do período legal. Alguns aliados defendem que ele apenas fique ao lado de Bolsonaro; outros, que faça uma breve fala, mesmo que genérica e sem menções à conjuntura do Rio. Certo é que terá posição privilegiada.
Chapa indefinida
Foi por causa de um ato no bicentenário da Independência, durante a campanha de 2022, que o ex-presidente e o então candidato a vice, Walter Braga Netto, ficaram inelegíveis por decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O TSE entendeu que houve abuso de poder político e econômico no uso da data para fins eleitorais.
Diante do favoritismo do prefeito Eduardo Paes (PSD), o PL ainda não tem uma noção exata de como será a chapa de Ramagem na eleição. Alguns partidos, como o MDB e o União, estão em disputa pelas candidaturas e são siglas às quais a campanha do bolsonarista poderia oferecer o posto de vice. No entanto, a possibilidade de chapa puro-sangue também é grande, e nessa hipótese o principal nome aventado é o da deputada federal Chris Tonietto.
Um dos argumentos do PL para justificar o grau de timidez da campanha de Ramagem até aqui é que o deputado vinha se dedicando a estudar a máquina pública carioca para poder debater com Eduardo Paes. O prefeito é conhecido por saber com detalhes o funcionamento da cidade.
Delegado da Polícia Federal, Ramagem é investigado pela PF no caso da suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele presidiu o órgão entre julho de 2019 e abril de 2022, no governo Bolsonaro. No âmbito das apurações, chegou a ser alvo de mandados de busca e apreensão. O deputado nega irregularidades.
Fonte: O Globo