Sindicato dos Bancários de Campos realiza manifestação na Pelinca
O Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região realizou nesta terça-feira (23) mais um ato pelas ruas da cidade e desta vez, o bairro escolhido foi a Pelinca, que abriga diferentes agências bancárias. O Dia Nacional de Luta ocorre simultaneamente em várias cidades do Brasil e é uma manifestação da categoria bancária diante da dificuldade de negociação de reajuste salarial e dos ataques aos direitos trabalhistas.
O protesto tem o objetivo de dialogar com bancários e bancárias sobre as rodadas de negociações, denunciar o descaso dos banqueiros e também informar aos clientes sobre possíveis paralisações. Desde o dia 15 de junho a Fenaban está com as reivindicações da categoria em mãos, mas até agora, mais de dois meses depois, ainda não apresentou nenhuma proposta decente.
A agência do Itaú amanheceu envelopada com mensagens que pedem menos filas e mais respeito aos clientes, além de expor os números das altas taxas de juros do cartão de crédito e cheque especial, que chegam a respectivamente, 355% e 195% ao ano.
O presidente do Sindicato, Rafanele Alves Pereira, lembrou que o banco Itaú fechou várias agências na cidade de Campos nos últimos anos, aumentando a sobrecarga de trabalho dos funcionários e prejudicando o atendimento aos clientes.
Dados e reivindicações
Os bancos lucraram R$56,5 bilhões nos seis primeiros meses de 2022, 14,4% a mais que o mesmo período do ano passado e mesmo com a alta da arrecadação fizeram uma proposta de reajuste abaixo da inflação. As projeções apontam uma inflação de 8,95% de setembro de 2021 a agosto de 2022, mas os bancos querem dar reajuste de apenas 5,82%, uma perda real de 2,9% para os bancários.
Além do aumento real com a reposição da inflação e de um aumento maior para os vales refeição e alimentação, bancárias e bancários também reivindicam melhorias que afetam diretamente a qualidade do serviço prestado a usuários e clientes. Nos últimos quatro meses os bancos cortaram mais de mil postos de trabalho. Essa onda de demissões, além de causar sobrecarga nos funcionários, prejudica o atendimento dado à população e colabora com o aumento das filas de espera nas agências, que na maioria das vezes faz com que o cliente passe horas esperando atendimento.
A segurança também é um tema importante da pauta, uma vez que os bancos querem efetuar a retirada de portas giratórias e vigilantes das agências, deixando de garantir a proteção das vidas dos funcionários e clientes.
Somente nos seis primeiros meses de 2022, Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa arrecadaram R$74,2 bilhões com tarifas, uma alta de 7,5% em relação ao mesmo período de 2021.
Os lucros bilionários e crescentes dão aos bancos todas as condições de atender as reivindicações dos bancários e bancárias, que são quem colaboram com a obtenção desses resultados exorbitantes. Atender às demandas da categoria é não apenas valorizar seu trabalho, mas também melhorar a qualidade do atendimento prestado à população.
Paralisação
O Sindicato realizou uma paralisação das atividades da agência do Santander Select na Pelinca, que ficou fechada durante o período da manhã. Uma funcionária do banco foi demitida nesta terça (23), após denunciar através do canal de atendimento interno, assédio moral sofrido nas dependências da unidade.
Nilce França, Secretária de Saúde e Promoção Social do Sindicato dos Bancários de Campos dos Goytacazes e Região, afirma que “a prática do assédio moral é crime e não pode mais ser aceita”, e complementa que o sindicato vai acionar as entidades responsáveis para a realização de mais uma denúncia. Em março de 2019, a Câmara Federal aprovou o projeto de lei 4742/2001 que define assédio moral no trabalho como crime.
Após as denúncias de assédio moral e sexual sofridas pelo ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, o tema começou a ser debatido de maneira mais ampla pela sociedade, porém, a prática criminosa já é uma velha conhecida dos bancários e bancárias.
Durante toda essa semana o Comando Nacional dos Bancários realiza rodada de negociação com a Fenaban, de maneira presencial, em São Paulo. As manifestações devem continuar enquanto os banqueiros insistirem em impor perdas aos trabalhadores e trabalhadoras da categoria.
Fonte: Ascom