Chuvas acima da média de tempos em tempos são normais, apontam especialistas
Precipitações como a desta segunda-feira (19) em Campos e região podem ocorrer em qualquer parte do planeta sob influência dos padrões climáticos globais.
As intensas precipitações observadas nesta segunda-feira (19) em Campos e região, com fortes chuvas por horas seguidas desde a área de Macaé até os municípios do Norte fluminense, são consideradas normais pelos especialistas. Tudo é parte de um complexo sistema que envolve padrões climáticos em todo o globo e que, por vezes, resultam em longas estiagens em áreas de equilíbrio pluviométrico e de chuvas torrenciais em locais tradicionalmente secos e até desérticos.
A chuva forte que nesta segunda-feira inundou Campos e causou transtornos também em municípios como São Francisco de Itabapoana, Santo Antônio de Pádua, Santa Maria Madalena, Miracema, Itaperuna, Itaocara, Italva, Cambuci, Bom Jesus do Itabapoana e Aperibé, dentre outros, é, segundo climatologistas, resultado do fenômeno La Nina, que geralmente dura dois anos e deve terminar nos próximos dois ou três meses.
Ao contrário do El Nino, que provoca estiagens no Centro Sul e Nordeste do país, o La Nina causa chuvas acima da média nessas regiões. Como ocorreu poucos meses atrás na Bahia e outros estados nordestinos. E mais recentemente em Macaé e Carapebus. As intensas precipitações desta segunda-feira em Campos e região, portanto, já eram esperadas, considerando o que vem ocorrendo nos últimos meses. O pluviômetro do Aeroporto Bartolomeu Lizandro, por exemplo, registrou entre 15h e 21h desta segunda o acumulado de 106 mm, o que era esperado para 30 dias.
A principal área urbana de Campos fica onde, no período de colonização portuguesa, havia dezenas de lagoas. Por isso, a região era chamada pelos portugueses de “Finlândia brasileira”. Ao longo dos anos essas lagoas foram sendo, aos poucos, drenada e aterradas para dar lugar a construções. Uma delas foi a “Lagoa Dourada”, que serviu de título nobiliárquico para o Barão e a Baronesa da Lagoa Dourada. Ficava exatamente onde hoje está localizado o projeto Orquestrando a Vida, que agora foi alagado. Outro ponto onde havia uma lagoa drenada na construção do Canal Campos-Macaé é a parte que abriga hoje o Parque Alberto Sampaio. A área fica abaixo do nível do Rio Paraíba do Sul e normalmente alaga quando chove forte e o rio está cheio.
Após a tradicional “cheia de 1966”, quando toda a área urbana e partes da rural de Campos foram alagadas, recursos federais permitiram a construção do dique que hoje protege a área urbana quando o rio está com o nível elevado.
Portanto, as cidades da região, entre elas Campos, bem como todas as cidades do país, considerando suas especificidades, vão sempre estar, em maior ou menor grau, vulneráveis aos rigores do clima. Para as cidades serranas, o perigo dos deslizamentos. Para as de áreas mais planas, os riscos de alagamento. As autoridades irão, sempre que possível, realizar obras de infraestrutura contra as intempéries. Mas a natureza poderá surpreender sempre.