Após a ressaca do mar, ossadas voltam a aparecer na praia de Manguinhos em SFI - Tribuna NF

Após a ressaca do mar, ossadas voltam a aparecer na praia de Manguinhos em SFI

Após a ressaca que afetou o litoral de São Francisco de Itabapoana neste fim de semana, ossadas humanas voltaram a ser encontradas na Praia de Manguinhos, nesta segunda-feira (18). Desde 1997 o local é registrado como sítio arqueológico pela IPHAN. As ossadas começaram a ser encontradas no local na década de 70.

De acordo com o Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico do Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados do Brasil, da Universidade Federal Fluminense (UFF), o local conhecido também como “Porto de Manguinhos” foi um importante local de desembarque clandestino de africanos, mesmo após 1850. Além de traficantes de escravos de São João da Barra, vila a qual pertenciam as praias de Manguinhos e Buena, a região também era utilizada para desembarque de africanos por traficantes de Quissamã, Bom Sucesso, Carapebus e Macaé.

Segundo informações de moradores locais, o cemitério ficava de duzentos a trezentos metros da praia, porém com o avanço do mar, quando a maré sobe acaba deixando as ossadas aparentes quando baixa novamente.

A Prefeitura de São Francisco, disse por meio de nota que “O trabalho que o Departamento de Cultura da SMEC de São Francisco de Itabapoana tem é fazer o recolhimento das ossadas, com tratamento adequado para a preservação em local apropriado, até que sejam encaminhadas para pesquisas de arqueólogos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que visitam o município com esta finalidade. Pedimos à população e visitantes que não retirem as ossadas do sítio, devendo ao encontrá-las comunicar ao Departamento de Cultura para o devido recolhimento. Em relação à maré, não podemos controlar a força da natureza. O Sítio Arqueológico é um antigo cemitério, já que Manguinhos tinha um porto ilegal de tráfico de escravos e as pessoas submetidas à condição de escravidão que chegavam mortas ou morriam após desembarcarem eram enterradas próximo ao local, diz a Prefeitura.

IPHAN

Em dezembro de 2019, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) solicitou à prefeitura providências emergenciais para proteção do local, como o isolamento provisório da área, a sinalização e a orientação para a comunidade sobre a importância de não tocar ou coletar os elementos ósseos aflorados. As medidas, que visam evitar maior descaracterização e descontextualização do sítio arqueológico, foram atendidas pela prefeitura.

Com JTV*

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