Xampu especial, óleo nas orelhas e segurança 24h: como é o tratamento vip da vaca mais cara do mundo em MG, avaliada em R$ 21 milhões - Tribuna NF

Xampu especial, óleo nas orelhas e segurança 24h: como é o tratamento vip da vaca mais cara do mundo em MG, avaliada em R$ 21 milhões

Serviço de limpeza 24 horas, rotina de beleza com óleo de girassol nas orelhas, banhos diários com xampu hipoalergênico, para não gerar irritação ou alterar o pH da pele, e monitoramento dia e noite. Viatina-19 FIV Mara tem um cotidiano que faz jus ao título de vaca mais cara do mundo. É com essa marca e a avaliação de R$ 21 milhões que ela representa no Guiness World Records o Brasil da agropecuária.

A trajetória da vaca se dá dentro dos limites desse setor de criação de gado, movimentado por leilões e números de venda igualmente milionários. O animal nasceu em Nova Iguaçu de Goiás (GO), como parte do rebanho da Nelore Mara Móveis, empresa que detém cerca de 70% dos animais da família Viatina. E hoje recebe tratamento vip nos 350 hectares da Fazenda Napemo em Uberaba, no Triângulo Mineiro.

— Todo dia é assim, a gente passa e se depara com a Viatina-19 cheia de pose, naturalmente esplêndida, exuberante e cheia de confiança em saber que é uma estrela, um fenômeno — celebra o empresário Ney Pereira Napemo, dono da fazenda e um dos proprietários do animal.

A vaca nelore mora na fazenda em Uberaba desde 2022, quando 50% de seu valor foi vendido para a Agropecuária Napemo. A alta rentabilidade do animal faz com que ela funcione quase como uma empresa. Atualmente, os direitos de propriedade da Viatina-19 FIV Mara estão divididos igualitariamente entre três donos: a Napemo, a Casa Branca Agropastoril e a Nelore HRO.

Viatina-19 já chegou a render cerca de R$ 10 milhões em um ano aos seus proprietários, segundo Ney Pereira. O primeiro proprietário, Silvestre Coelho Filho, diz que a genética da família é forte, mas que a vaca de R$ 21 milhões sempre se destacou entre os outros bezerros.

— Como teve a geração do Pelé, a do Zico, atualmente temos a nossa geração dos gados de elite. Mas ela sempre foi diferente, mais comprida, disposição dos órgãos correta, postura perfeita. Ela já era especial — conta Coelho Filho.

Tão especial que tem até conta no Instagram — mas o número de seguidores, abaixo de mil, ainda está distante dos valores expressivos que ela carrega. O preço não é uma exceção nos leilões de gado brasileiro. O pai de Viatina-19, o boi Landau da Di Gênio, teve metade de seus direitos vendidos por R$ 1,26 milhão em 2018. Enquanto isso, a mãe da vaca mais cara do mundo se valorizou com o sucesso da filha, e foi vendida por R$ 1,8 milhão.

Em 2022, a segunda vaca mais cara do Brasil, Íris 8 FIV da Valônia, teve metade de seus direitos vendidos por R$ 4,8 milhões. A Carina FIV do Kado, outra vaca da raça nelore teve um terço de seus direitos repassados em 2023 e foi valorizada em mais de R$ 8 milhões.

São cifras que ajudam a explicar por que, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou R$ 598,49 milhões em carne bovina em 2023, e a tendência é de crescimento neste ano, que já registrou R$ 381,5 milhões em exportação do produto. Uma análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, com base em dados do IBGE, mostra que 8,91 milhões de toneladas de carne bovina foram produzidas em 2023, 11,2% a mais que em 2022. Neste ano, há expectativa de chegar a 11,37 milhões de toneladas.

Leilões de celebração

Os leilões são os momentos de maior celebração do estilo de vida que é sustentado por esse mercado. Costumam ter programações extensas, com exposição de animais, concursos, festival gastronômico e shows. Mas já deixaram há muito tempo de exigir a presença dos participantes, e são realizados também por sites e programas de televisão.

O preço costuma ser definido de acordo com o desempenho do animal em concursos. Um grande campeão, que leva notas altas — dadas de acordo com os critérios estabelecidos pelos juízes — é mais valorizado. A Viatina-19, por exemplo ganhou o título de Reservada Grande Campeã Expoinel Minas nos anos de 2020, 2021 e 2022.

A família da Viatina-19 surge como uma das matrizes mais promissoras da raça nelore, de acordo com Coelho Filho, por causa do sistema reprodutivo privilegiado:

— Elas transmitem muito melhoramento genético para os filhos. Produzem muito e em uma média alta, animais bons e de elite.

A avó da Viatina-19, matriarca da família, já morreu, mas foi clonada. Os filhos da vaca mais cara do mundo já são consagradas em feiras e exposições: estima-se que sejam mais de 20 espalhados pelo país.

Os rendimentos de Viatina-19 justificam seu valor. Segundo os proprietários, a genética do animal e sua capacidade reprodutiva fazem com que ela seja uma “vaca dos óvulos de ouro”, com seus embriões vendidos a um preço médio de R$ 400 mil.

— Em 2022, paguei R$ 4 milhões quando comprei 50% dela. Naquele mesmo ano, vendemos umas 14 prenhezes (óvulo fecundado que foi gestado por outra vaca) por R$ 350 mil, R$ 400 mil, chegando até R$ 600 mil. Uma vaca normal costuma se pagar em cerca de uns cinco anos. Ela rendeu o preço que eu paguei em um ano — diz Ney Pereira.

O presidente da Associação Goiana do Nelore (AGN), João Maurício Dantas, diz que o mercado de reprodução bovina consiste em tentar produzir a vaca “mais próxima da perfeição da raça”. E o Brasil produz vacas campeãs pelo mundo inteiro.

— É uma sequência de vacas que foram sendo vendidas cada uma batendo o recorde da outra — explica.

Viatina-19 FIV Mara deve tirar férias este ano. A vaca vai ficar prenha em 2024, mas os embriões dela vão continuar à venda ajudando na melhoria genética do rebanho brasileiro.

Fonte: O Globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *