Witzel afirma que não vai renunciar e que sua história política está apenas iniciando
O governador afastado do Rio, Wilson Witzel, declarou, por meio de sua conta no Twitter, na noite de segunda-feira que não renunciará ao cargo. Durante o fim de semana circulou a informação de que o ex-juiz federal poderia deixar a função para evitar mais desgastes. “Jamais renunciarei. Em 1 ano e 7 meses de gestão, fiz muito pelo Estado: salários em dia; ampliação dos programas de segurança; aumento da carga horária dos professores, investimentos robustos em ensino e pesquisa; dentre outras realizações”, escreveu.
Witzel nega que tenha cometido crime de responsabilidade. Na última quinta-feira, a comissão especial de impeachment, composta por 24 deputados, aprovou por unanimidade o relatório de Rodrigo Bacellar (SD). Com a aprovação na comissão, o texto segue para ser analisado no Plenário na quarta-feira. O relator destaca em seu parecer, principalmente, os momentos em que o governador afastado teria atuado para firmar contratos com as organizações sociais Unir Saúde e Iabas, acusadas de terem como sócio o empresário Mário Peixoto, pivô dos recentes escândalos de corrupção na Saúde.
No caso da Unir, Witzel assinou, em março, a requalificação da empresa. Em outubro de 2019, após pareceres, as secretarias de Casa Civil e de Saúde a haviam desqualificado, dados os indícios de irregularidades.
Witzel diz que vai se defender pessoalmente na Alerj antes da votação de seu impeachment. “De todos os meus atos pegaram apenas um, que é juridicamente correto, e o associam a recebimento de valores, do que não há provas pelo fato de não ter ocorrido. Não há nenhuma relação com a Unir e as empresas contratadas pelo escritório da minha esposa”, defendeu-se.
O governador disse que sua trajetória política está apenas começando. “A vida me forjou nos desafios. Menino pobre, orgulho de uma doméstica e de um metalúrgico. Resistirei. Politicamente, minha história está apenas começando. Juridicamente, minha absolvição e retorno imediato ao cargo no qual o povo me colocou é o único caminho possível”, finalizou.
Witzel está afastado desde 28 de agosto por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Caso o prosseguimento do processo seja aprovado amanhã no plenário da Alerj, – são necessários votos de 47 parlamentares, ou seja, dois terços da Casa – um tribunal misto deverá ser formado para julgar o impeachment. Este tribunal será formado por cinco deputados estaduais do Rio e por cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio.
A vida me forjou nos desafios. Menino pobre, orgulho de uma doméstica e de um metalúrgico. Resistirei. Politicamente, minha história está apenas começando. Juridicamente, minha absolvição e retorno imediato ao cargo no qual o povo me colocou é o único caminho possível.
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) September 22, 2020
Próximos passos do processo de impeachment de Witzel:
– O documento deve ser votado na quarta-feira, 23, mas a votação pode levar mais de um dia
– O texto elaborado na votação é publicado no Diário Oficial
– Se o resultado for favorável ao afastamento do governador, o Tribunal de Justiça é convocado para formar um tribunal misto com cinco desembargadores e cinco deputados
– Com o tribunal formado para analisar a cassação do mandato de Witzel, o governador fica afastado por até 180 dias (atualmente, ele já está fora do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça).