Washington Reis rechaça pressão da campanha para deixar a chapa: ‘Só se me tirarem’
Candidato a vice ao governo do Rio na chapa encabeçada pelo governador Cláudio Castro (PL), que busca a reeleição, Washington Reis (MDB) afirmou que não vai abrir mão do posto e que só deixará a aliança se for tirado do páreo pelos aliados de Castro que agora almejam a vaga. Como O GLOBO mostrou, a operação da Polícia Federal (PF) que cumpriu mandados de busca e apreensão contra Reis aumentou a pressão sobre o emedebista, que já teve o veto à candidatura pedido pelo Ministério Público Eleitoral em função de outro tema: uma condenação por crime ambiental proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF agora apura um suposto favorecimento, no período em que Reis era prefeito de Duque de Caxias, a uma cooperativa que atuava na área de saúde em contratos que superam R$ 563 milhões. Nesta quinta-feira, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao político, incluindo a residência dele.
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O questionamento jurídico à candidatura e a operação policial turbinaram o “fogo amigo”, e partidos da aliança da qual faz parte agem para emplacar outro nome em seu lugar. Questionado sobre a movimentação de lideranças evangélicas, como o pastor Silas Malafaia e o deputado Sóstenes Cavalcante (PL), que trabalham abertamente para vê-lo substituído pelo vereador Alexandre Isquierdo (União Brasil), Reis diz que não pretende ceder às pressões.
— Eu não renuncio a nada. Se eu não for candidato a vice, a Justiça ou pessoas de olho nesse posto me tiraram do páreo. O mandado que embalou a busca e apreensão é vazio, uma injustiça, assim como a condenação por crime ambiental. Sobre a intenção de algumas pessoas de me tirar desse lugar para colocar outros aliados, deixo claro que não me preocupo. Não terão força, mas são movimentações da vida política. Daqui eu não saio — reforçou Reis, que pretende cumprir agenda de campanha ao lado do governador nesta sexta-feira. — Não tenho motivos para me esconder, e Castro não esconderia.
Apesar de negar qualquer irregularidade e contar com o discurso oficial de que Castro e sua equipe creem em sua inocência, Reis sabe das pressões abertas para que seja substituído. Dois dos principais defensores da troca imediata são Malafaia, nome influente na campanha de Castro, e o senador Flávio Bolsonaro, principal nome do PL no estado.
Para os religiosos ligados à candidatura, a presença de Reis traria “tensão desnecessária”, já que a série de acusações deve ser usada politicamente contra o governador. E, sob a influência de Malafaia, tentam emplacar Isquierdo como vice. O nome não agrada a equipe de marketing, que tenta posicionar Castro como um político de centro, embora seja correligionário do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Outros nomes do União Brasil, como Vinicius Farah e Thiago Pampolha, são mais bem avaliados pelo entorno de Castro. Sem cravar um nome para substituir Reis, Flávio Bolsonaro já fez chegar à campanha a opinião de que a mudança deve ser feita o mais rápido possível. Pela lei eleitoral, a troca pode ser feita até o próximo dia 12.
Embora a troca já esteja sendo abertamente discutida, Castro mantém o discurso de que só não contará com Reis se a Justiça Eleitoral determinar o veto. Em agenda de campanha na quinta-feira, o governador defendeu o companheiro de chapa:
— A gente confia na CGU e na Polícia. Acreditamos muito que tudo vai se esclarecer. Eu sempre digo que não comento ações da Justiça, mas não tenho dúvida de que tudo será esclarecido. A princípio, nada se altera, a não ser que tenha alguma alteração não por esse fato em si, porque eu acredito 100% na inocência do Washington Reis. Ele é um homem de dez mandatos, trinta anos de política pública, e já passou a Lava-Jato sem ter nada.
O Globo*
