Rio produzirá soro em larga escala contra covid-19 - Tribuna NF

Rio produzirá soro em larga escala contra covid-19

O soro capaz de tratar pacientes infectados pelo coronavírus está mais próximo de se tornar um medicamento e a ficar disponível para as pessoas utilizarem no combate ao vírus em todo o país. Na última quarta-feira, equipe de cientistas do Instituto Vital Brazil (IVB), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde e responsável pela criação do soro, se reuniu com técnicos da Anvisa para discutir a liberação da testagem. Dessa forma, o Estado do Rio sai na frente e vai produzir em larga escala soro contra a covid-19. A pesquisa foi desenvolvida pelo IVB em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A expectativa dos pesquisadores envolvidos é de que sejam iniciados os testes clínicos e a produção do soro anti-SARS-CoV-2 em grande escala nos próximos dois meses.

“A conversa na última quarta-feira com a Anvisa foi muito positiva, melhor do que esperávamos. Agora vamos para o período de teste clínico, que a agência reguladora solicita para registro do produto. Só depois dessa permissão para assim iniciar a produção em larga escala”, explica Adilson Stolet, presidente do IVB.

Nestes dois meses, o teste clínico vai ser liberado para uso em pacientes com o coronavírus. A testagem ocorrerá em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).

“O soro vai contribuir para todo o país, vai ajudar reduzir o número de pacientes internados e ajudar a neutralizar o vírus em muitas pessoas. Por isso, há o interesse de todas as partes para que seja aplicado em certa urgência nos pacientes. Será cedido de graça aos pacientes do coronavírus”, explica o presidente do instituto, Adilson Stolet.

CEM MIL TRATAMENTOS

De acordo com Stolet, o instituto possui capacidade para produzir o quantitativo de soro contra o coronavírus para cem mil tratamentos por ano.

Para o governador do Rio, Wilson Witzel, a pesquisa do IVB entra para a história por seu pioneirismo no tratamento contra o coronavírus. “Em breve, vamos poder ajudar as pessoas em todo o país, e até outros países, a combater essa pandemia devastadora. A descoberta do soro é resultado dos investimentos do nosso governo em pesquisas científicas. Foram R$ 440 milhões desde o ano passado. Deste total, R$ 35 milhões foram destinados a estudos relacionados à covid-19. Além disso, vamos aportar mais R$ 2 milhões para concluir a produção do soro anti-SARS-CoV-2”, afirmou ele.

Medicamento é feito a partir do plasma de cavalos

Por meio de experimentos com cavalos, os cientistas descobriram que o plasma sanguíneo dos animais produz de 20 a 50 vezes mais anticorpos do que os humanos, ao desenvolver agentes de defesa contra veneno inoculado em seu organismo. Os testes começaram em maio na Fazenda Vital Brazil, em Cachoeiras de Macacu, interior do Rio. Cinco cavalos do IVB receberam pequenas doses do vírus para que criassem anticorpos contra ação do veneno injetado neles.

Após 70 dias de observação, quatro dos cinco animais produziram anticorpos dezenas de vezes mais potentes no combate ao vírus do que os encontrados em pacientes infectados. O material passa por etapas de produção e testes até se tornar o soro.

A pesquisa – que está sendo patenteada – tem apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

O Dia*

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