Pedagoga é atingida com tiros na coluna e nos rins ao fugir de arrastão a caminho de Búzios
A pedagoga Cleicy Aparecida Vieira, de 44 anos, está em estado grave no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, após ser atingida por tiros na coluna e nos rins ao tentar fugir, segundo uma das vítimas, de um arrastão na Niterói Manilha, trecho da rodovia BR-101, na noite de domingo. Cleicy estava em um carro modelo Fiat Strada, com a irmã e um idoso. Segundo a 74ª Delegacia de Polícia (Alcântara), ao tentar escapar dos criminosos, os três entraram por engano na comunidade Jardim Catarina, uma das mais violentas da região, onde foram recebidos a tiros.
Por volta das 19h, homens em motocicletas teriam iniciado o arrastão na rodovia e motoristas se desesperaram dando ré nos carros para fugir dos criminosos. O veículo onde estava Cleicy era um desses que tentaram escapar. A irmã de Cleicy, que não teve o nome relevado, estava ao volante e fez uma manobra para desviar o trajeto e entrou no Jardim Catarina. Minutos depois, foram surpreendidos por disparos que atingiram Cleicy. Um idoso de 78 anos foi ferido por estilhaços no braço. Os dois foram encaminhados para a UPA do Colubandê, onde foram atendidos. Devido à gravidade do quadro, Cleicy foi transferida para o hospital estadual.
No Alberto Torres, a pedagoga recebeu uma avaliação médica e foi constatada uma grave lesão na coluna, além de uma perfuração nos rins. Ela precisou passar por uma cirurgia de emergência, e segue em estado grave. Na noite desta segunda-feira, Cleicy deve passar por nova avaliação. O idoso foi atendido e liberado ainda durante a noite. No hospital, ele recebeu atendimento psicológico e da assistência social.
Apesar de as vítimas terem prestado depoimento à Polícia Civil alegando terem presenciado um arrastão, a Polícia Rodoviária Federal nega a ocorrência. A corporação afirma, no entanto, ter havido apenas um confronto entre policiais militares e um homem, próximo ao acesso do piscinão de São Gonçalo. Segundo a PM, agentes do 7º BPM (São Gonçalo) foram chamados. O caso foi registrado na 74ª DP (Alcântara), que realiza diligências para identificar a autoria do crime.
Trecho visado por bandidos
Devido aos constantes episódios de violência, o trecho entre Niterói e Manilha da BR-101 é conhecido como “rodovia do medo”. Nos últimos quatro meses, ao menos cinco ocorrências de roubo foram registradas. Em uma delas, em outubro, um homem morreu após ter sua motocicleta roubada na altura de Itaboraí.
De agosto a dezembro do ano passado, houve pelo menos três arrastões em diversos pontos da rodovia. Entre as vítimas, duas crianças de 4 e 12 anos foram baleadas, além de um homem de 36 anos durante uma ação de criminosos próximo ao bairro de Guaxindiba, em São Gonçalo. No mesmo local, em outra ocorrência, os bandidos atiravam pedras de cima de uma passarela para obrigar motoristas que circulavam na rodovia a parar. Um homem de 57 anos, que foi atingido na cabeça por uma dessas pedras morreu, mesmo usando capacete.
Em novembro do ano passado, uma reportagem do GLOBO mostrou que a Niterói-Manilha é o trecho mais visado pelos criminosos em toda a extensão da BR-101 no Estado do Rio. De janeiro a setembro de 2021, foram registrados 62 roubos de carga na região, o que representa um caso a cada quatro dias e uma alta de 67,5% em relação ao mesmo período de 2020, quando houve 37 ocorrências, segundo a PRF.
A reportagem mostrou ainda que, na parte que se estende do Barreto, em Niterói, até Manilha, em Itaboraí, os alvos não são apenas caminhoneiros, mas também motoristas de carros de passeio, que podem ser vítimas de arrastões a qualquer hora do dia: 343 carros e motos foram roubados nesse trecho no período, alta de 148,5% em relação aos 138 registros de 2020, ainda de acordo com a PRF.
O Globo*