Oposição mira rompimento de alianças para neutralizar Cláudio Castro; governador tenta segurar apoio dos Garotinho - Tribuna NF

Oposição mira rompimento de alianças para neutralizar Cláudio Castro; governador tenta segurar apoio dos Garotinho

Por Gabriela Sabóia e Jan Niklas, de O Globo

Adversários apostam em defecções na aliança do governador do Rio, Cláudio Castro (PL), para reduzir a distância frente ao amplo domínio que o mandatário tem hoje no mapa eleitoral do estado. Dos 92 municípios, 85 são comandados por prefeitos aliados ao responsável pelo comando da máquina estadual. Enquanto buscam frestas nestes territórios, os pré-candidatos Marcelo Freixo (PSB), Felipe Santa Cruz (PSD) e Rodrigo Neves (PDT) também apostam em estratégias distintas para potencializar os apoios já conquistados.

Com a estrutura do governo em mãos e um plano de investimento em obras já em andamento, Castro, que repartiu cargos e secretarias entre integrantes de 16 partidos, busca agora segurar o União Brasil na coligação — a sigla é a maior do bloco, o que garante acesso a um fundo partidário volumoso e ao tempo de propaganda em rádio e televisão. A legenda, criada pela fusão do DEM com o PSL, tem lideranças na Baixada Fluminense, como os prefeitos de Belford Roxo, Waguinho, e São João de Meriti, Dr. João. Uma ala do partido vê com bons olhos o descolamento da base do governo, por entender que merecia participação maior no Palácio Guanabara. De olho nesse movimento, Santa Cruz vem mantendo conversas com dirigentes da legenda.

No radar de Castro, o apoio do prefeito Wladimir Garotinho, que deve se filiar ao União, em Campos dos Goytacazes, também é considerado fundamental. A aliança significaria a paz com a família do ex-governador Anthony Garotinho, que se sente incomodado com o espaço dado ao secretário de Governo, Rodrigo Bacellar (Solidariedade), de quem é adversário político no Norte Fluminense. O patriarca da família ameaça lançar uma candidatura própria para o Palácio Guanabara, com o objetivo de dividir os votos de Castro na região, caso o impasse não seja resolvido. O governador deve recebê-lo em um encontro nesta semana, oportunidade em que debaterão os investimentos previstos para Campos. Há na lista de Castro outras cidades com colégios eleitorais expressivos, casos de São Gonçalo e Duque de Caxias, respectivamente, segundo e terceiro municípios com maior volume de eleitores.

Reuniões “às escondidas”

Já Marcelo Freixo, com quem Castro pretende polarizar a campanha, vem tentando se aproximar de prefeitos de diferentes regiões do estado. No entanto, eles estariam evitando tornar os encontros públicos por medo de represálias do governo estadual — que tem o poder de liberar ou represar verbas do orçamento. A avaliação da campanha do pessebista é que os apoios só serão anunciados mais perto das eleições, para evitar indisposições entre as prefeituras e o Executivo do estado.

No momento, a campanha dá como certos os apoios em Petrópolis, cujo prefeito, Rubens Bomtempo, é do PSB; e em Maricá, comandada por Fabiano Horta (PT). Porém, como a federação entre PT e PSB não foi para frente, Maricá pode ser um dos municípios com palanque duplo: além de Freixo, Horta tem a opção de encampar a chapa que poderá unir Felipe Santa Cruz e Rodrigo Neves, pois a prioridade do PT no Rio é oferecer o maior número de palanques para a corrida presidencial de Lula. Além disso, Washington Quaquá, ex-prefeito da cidade e dirigente do partido, tem feito críticas a Freixo a já explicitou que tem dúvidas se o deputado é o melhor caminho no Rio para ampliar o arco de Lula.

Pessoas ligadas à campanha de Freixo dizem que o pré-candidato teve boas conversas com o prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), — a cidade da Baixada é o quarto colégio eleitoral do estado. Apesar de, oficialmente, Lisboa apoiar Castro, no plano nacional ele fará campanha para Lula, o que é visto pela equipe de Freixo como oportunidade de atraí-lo para um palanque duplo.

Santa Cruz, por sua vez, além da tentativa de atrair o União Brasil, conta com o prefeito da capital, Eduardo Paes, como cabo eleitoral — há, ao todo, sete municípios comandados pelo PSD no estado, a exemplo de Itaperuna e Porto Real, mas os prefeitos integram o grupo de Castro. A avaliação da campanha do ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é de que os palanques nas prefeituras não serão tão determinantes como em outras eleições e que os prefeitos não devem se engajar tanto na disputa.

Niterói à frente

Já o PDT, de Rodrigo Neves, está à frente das prefeituras de Niterói, Cabo Frio, Carmo e Japeri. Com boa relação com o diretório fluminense do PT, o pré-candidato tem a expectativa de atrair setores da sigla. O ex-prefeito de Niterói e Santa Cruz trabalham na construção de uma candidatura única, mas ainda não há definição sobre quem ocupará a cabeça de chapa.

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