Mapa da Fome: RJ tem 1,2 milhão de pessoas que não conseguem colocar comida na mesa - Tribuna NF

Mapa da Fome: RJ tem 1,2 milhão de pessoas que não conseguem colocar comida na mesa

O Mapa da Fome aponta que, só no Estado do Rio de Janeiro, mais de 1,2 milhão de pessoas não conseguem colocar comida suficiente na mesa. O dado equivale a 6,8% de toda a população.

A quantidade de famintos está longe de ser apenas um número. Toda semana, voluntários distribuem comida nas ruas de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. É uma fila que não para de crescer, motivada pela pandemia e pelo desemprego.

O perfil de quem enfrenta a longa espera também tem mudado. Na fila, como mostrou o RJ2, há pessoas que trabalharam a vida inteira, que tinham salário e comida na mesa. Mas agora dependem de ajuda dos outros – de um prato de comida – para poder sobreviver.

A estrutura montada pelos voluntário é mínima. Cabe dentro de um carro. Consiste numa mesa dobrável e uma panela cheia de esperança. Com isso, é possível dar uma ajuda valiosa.

Os voluntários ainda nem estavam prontos, mas a fila da fome já ocupava toda a calçada. A pressa é de quem já não aguenta mais esperar.

Realidades dramáticas

Dona Maísa, de 55 anos, trabalhou a vida inteira como auxiliar de serviços gerais. Atualmente, está desempregada. A quentinha que ela recebeu dos voluntários vai ser a principal refeição do dia.

José Antônio da Silva Júnior, que também estava na fila, tem experiência e tinha emprego fixo. Era técnico de refrigeração. Mas as oportunidades sumiram e a fila da quentinha virou a única saída. Enquanto ele janta de pé, na calçada, pensa no filho de 7 anos que precisa criar.

Novos rostos na fila da fome

As realidades, infelizmente, não são novidade para ninguém: todo morador de cidade grande já se deparou alguma vez com as cenas gravadas pelo RJ2.

A diferença é que agora a fila da fome ganhou novos rostos, de gente que nunca viveu ao relento. Essas pessoas tinham casa, emprego, renda. E agora dependem de ajuda para conseguir sobreviver.

Os voluntários já perceberam essa mudança no perfil de quem pede socorro nas ruas. André Luiz Nogueira Machado trabalhou a vida inteira como ajudante de caminhoneiro e fazendo bicos na construção civil.

Mas há seis meses sofreu uma queda e não consegue mais emprego. Passou a lutar para sobreviver numa cadeira de rodas velha, emprestada. Ele é mais um na fila da fome e do frio.

“Eu venho aqui pra pegar quentinha, entendeu? Às vezes, dá pra ‘mim’ (sic) vir. Tem dias, aqui, que está muito frio, [a cadeira] está com pneu vazio, e não dá pra eu vir. Eu fico por lá, às vezes alguém me dá um café, ou me dá comida, entendeu? Porque eu não tenho condições agora”, disse o homem.

Na noite gelada de junho, quando o RJ2 esteve no ponto de ajuda, muita gente se espremia para buscar um simples agasalho. Um deles era Sigoney Carvalho de Freitas, de 58 anos, que trabalhou quase duas décadas como auxiliar de escritório.

O homem tinha ido buscar uma roupa que sirva para ele e o irmão. Mais uma vítima de necessidades que ninguém deveria enfrentar.

“Infelizmente tem que se adaptar, né? Mas é bem complicado. Acostumado a ter sempre a coisa que a gente está querendo, mas chegou uma situação que está bem complicadinho. Mas se Deus quiser vai melhorar”, espera o homem.

Distribuição de comida no Centro

No Centro do Rio também teve distribuição de comida. Voluntários do grupo “Corrente pelo bem” prepararam e entregaram centenas de refeições para pessoas que vivem nas ruas.

Foram distribuídos ainda kits de higiene, fraldas, leite em pó, cobertores e agasalhos.

G1*

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