Gabinete de Crise: dados indicam estabilidade, mas Campos segue em alerta laranja
No último dia 1º completou 30 dias da decretação de epidemia por dengue no município de Campos. Desde então, medidas de enfrentamento à doença, seja no âmbito da assistência aos pacientes infectados e com suspeita ou na prevenção e combate ao vetor, vem sendo traçadas e debatidas por meio do Gabinete de Crise da Dengue e outras Arboviroses que fez sua terceira reunião nesta quarta-feira (3). Dados apresentados apontam para uma estabilidade, porém o momento ainda é de alerta, o que mantém o município no padrão de transmissão em platô, ou seja, fase laranja decorrente da circulação simultânea de dengue e chikungunya.
Mais uma vez, o encontro aconteceu no auditório do Centro Administrativo José Alves de Azevedo (CAJA), sede da Prefeitura, sendo conduzido pelo secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Charbell Kury, ao lado do diretor do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Carlos Morales e o representante da Procuradoria Geral do Município, Junior Boechat.
Ao abrir a reunião, Paulo Hirano discorreu sobre os dados atuais da dengue na cidade que somam 6.530 notificações e chikungunya com 207, considerando o período de janeiro até o dia 2 de abril. Também foi registrado um óbito em decorrência da dengue.
“Gostaria de relembrar que dentro de todo este cenário, Campos apesar de ainda estar com números elevados, é importante salientar que graças a Deus a gente já está atingindo um platô. Tivemos um pico em fevereiro e em março um pequeno pico nas três últimas semanas, mas agora vem apresentando estabilidade. E sempre assim, a gente tem a curva ascendente e, a velocidade desta curva está ligada diretamente ao quantitativo de casos que vão sendo identificados e tratados. Depois da tendência dessa curva chegar no platô e, em seguida, vem a queda”, explicou o secretário.
Sobre óbito por dengue, o secretário destacou a importância de os pacientes buscarem a assistência médica logo nos primeiros sinais de gravidade da doença e do diagnóstico precoce.
“Tivemos um óbito até o momento. O paciente ficou sintomático por três dias e, no dia que internou no hospital, infelizmente já estava em uma fase difícil de regressão, com outras comorbidade e, consequentemente evoluiu para o óbito naquele mesmo dia. Então, chamamos a atenção para importância de identificar o mais precocemente possível a síndrome infecciosa que vai caracterizar a possibilidade de quadro de dengue, buscar uma de nossas unidades e, daí que implementamos a descentralização e todas estão aptas a receber esse doente com os níveis de complexidades sendo encaminhados para o fluxo de atendimento necessário porque a orientação inicial é começar logo uma hidratação oral. Suspeitando que tem dengue começa a ingerir líquido generosamente porque as complicações advêm da desidratação”, disse Hirano.
O subsecretário Charbell Kury explicou que o Diagrama de Controle do município apontou uma redução da semana epidemiológica 9 para a 13, mas que devido ao feriado da Semana Santa, pode ter ocorrido um atraso de notificação. “Por isso vamos manter o alerta pelo menos até o final do mês. Os dados mostram que em fevereiro tiveram 2.765 notificações e março 2.907. Os dois continuam sendo os maiores meses de preocupação nossa. Vamos ver abril, pois o pós Semana Santa é sempre um ciclo de elevação que pode acontecer. A semana epidemiológica 15 será o ponto de equilíbrio”, pontuou.
Charbell também fez importante alerta quanto aos grupos de maior risco. “Dengue 1 também mata, principalmente quem tem comorbidades e na demora pela procura por atendimento. Fica essa mensagem para todos que é a importância da procura precoce por atendimento na vigência de piora dos sintomas. Alguns fatores alteram a forma de abordagem, criança menores de 2 anos é grave, idoso maior de 65 anos é grave, gestantes, obesos, pessoas com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), asmático, hipertenso, entre outros são considerados graves e devem buscar atendimento nas emergências”.
A assistência médica para arboviroses foi descentralizada, inclusive com a ampliação do Centro de Referência da Dengue (CRD), que já conta com um contêiner para fazer os atendimentos. Também serão montadas salas de hidratação no Hospital Geral Guarus e Hospital São José.
COMBATE AO VETOR
O diretor do CCZ, Carlos Morales, reforçou que o órgão vem trabalhando diariamente na prevenção e combate ao vetor, que é o mosquito Aedes aegypti, através das visitas técnicas dos agentes, carro fumacê, mutirões, como o Faxinão da Dengue, que acontecerá amanhã (4) em Goitacazes, além das palestras feitas pelo Núcleo de Informação, Educação e Comunicação (IEC), que faz um trabalho de conscientização principalmente com crianças que são multiplicadoras de informação. Também falou sobre a adesão do Exército Brasileiro ao trabalho de campo do CCZ.
“Muitas das vezes organismos do Governo Federal ficam afastados da realidade da sociedade e o Exército não pode estar longe disso, tem que estar perto, integrado e isso foi o que o município conseguiu junto ao comandante. Agora os militares vão fazer parte dessa nossa luta. Eles têm uma representatividade muito importante na sociedade e vão fazer muitas coisas, principalmente facilitar o acesso aos imóveis, identificar inservíveis, catalogar terrenos baldios e casas abandonadas, verificar caixa d’água”, enumerou Morales. Os militares serão capacitados nesta sexta-feira (5) e na segunda-feira (8) já estão indo paras as ruas.
Outro trabalho de prevenção destacado pelo CCZ é o monitoramento por armadilhas de Ovitrampas. Segundo o subcoordenador do Programa de Controle de Vetores (PMCV), Silvio Pinheiro, diferente do Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti —LIRAa que aponta o índice larvário, as armadilhas são importantes para o diagnóstico da densidade populacional do mosquito. “Elas são instaladas em cerca de 60 bairros tanto da área rural quanto da urbana. Na rural é mais por vigilância. Já na área urbana ela direciona as ações junto com os casos positivos da doença”, disse.
Com a estabilidade dos casos, a próxima reunião do Gabinete de Crise da Dengue e outras Arboviroses será em na primeira semana de maio.
Secom*