Força-tarefa da Lava-Jato encontra 17 mil caixas com documentos do ‘banco paralelo’ do esquema Cabral
RIO – Uma descoberta recente tem trazido ainda mais elementos para as investigações da Operação Lava-Jato no Rio . A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) encontrou 17 mil caixas de documentos da empresa Trans-Expert em um depósito localizado na Pavuna, na Zona Norte do Rio. De acordo com os procuradores, a transportadora era usada como uma espécie de banco do esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral , guardando e distribuindo o dinheiro de propinas pagas por empresários.
As caixas estavam armazenadas no depósito, num espaço que era arrendado pela Trans-Expert para a custódia dos documentos. A transportadora, no entanto, deixou de efetuar os pagamentos para que os documentos ficassem guardados no local . A empresa que armazenava os objetos resolveu, então, comunicar, no fim do ano passado, aos procuradores da Lava-Jato sobre a existência desses papéis, até então desconhecidos pelos investigadores.
No fim do ano passado, foram realizadas três buscas e apreensões no depósito para que os documentos fossem recolhidos, uma em novembro, outra em dezembro e uma última este mês. Os mandados foram autorizados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Todo o material está passando por uma análise para subsidiar investigações em curso e também para nortear novos caminhos de apuração.
Entre os papéis encontrados, há comprovantes de entregas de dinheiro a diversas pessoas, inclusive algumas que não estavam no radar da força-tarefa da Lava-Jato. Alguns documentos que estavam no depósito já serviram como elementos de prova para que o MPF solicitasse a nova prisão do ex-secretário da Casa Civil Régis Fichtner, que ocorreu na última sexta-feira. Foi a segunda vez que ele foi preso na Lava-Jato.
Em meio às caixas de documentos da Trans-Expert foram encontrados ainda recibos de entrega de valores contendo a inscrição “a Fernando”, “a mando de Régis”. Fernando França Martins, coronel da Polícia Militar é apontado pelos procuradores como homem de confiança do ex-secretário de Cabral. Era Fernando que, segundo os procuradores, recebia as propinas para Fichtner. Os comprovantes continham como endereço de entrega uma sala comercial no Centro do Rio usada por Fernando. Lava-jato.
Fonte: O Globo