Ex-secretário Tristão tinha relação com empresa que fez pagamentos suspeitos a Helena Witzel, diz PF
Relatório da Polícia Federal, obtido pelo RJ2, mostra que o ex-secretário estadual Lucas Tristão tinha conhecimento dos pagamentos feitos pela empresa DPAD Serviços Diagnósticos à primeira-dama do Rio de Janeiro, Helena Witzel.
O documento revela que o escritório de advocacia da primeira-dama recebeu pagamentos da empresa Dpad Serviços Diagnósticos entre agosto de 2019 a fevereiro deste ano.
Foram sete pagamentos de R$ 15 mil, num total líquido para o escritório de R$ 98,5 mil.
No papel, a empresa pertence a dois sócios: Alessandro Duarte e Juan Elias. Para a Polícia Federal, eles são laranjas de Mário Peixoto, preso na operação Favorito, em maio. Nesta quarta-feira (15), a Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF-2) negou o pedido de habeas corpus ao empresário e outros investigados.
No telefone celular de Alessandro Duarte , a polícia encontrou várias conversas entre ele e Juan Elias que falam sobre pagamentos a um escritório de advocacia.
No dia 8 de abril, Alessandro pediu a Juan:
“Aproveita, levanta aí, todos os pagamentos para aquele escritório de advocacia. Todos, de agosto pra cá. Me cobraram de novo essa apuração”.
A Dpad não tem contrato com o governo estadual. Já o empresário Mário Peixoto é um dos maiores fornecedores de serviços e mão-de-obra para o estado, especialmente na área da saúde.
Os documentos apreendidos na operação Favorito comprovam tanto a saída do dinheiro da conta da Dpad Diagnósticos quanto a emissão de notas fiscais pelo escritório de Helena Witzel. Isso leva a polícia a concluir que a advogada citada nas conversas é mesmo Helena Witzel.
No dia seguinte ao primeiro pedido, Alessandro volta a cobrar Juan. Depois de conferir os dados, Alessandro pede mais detalhes.
Não fizemos em março a transferência? Já conferi de agosto a fevereiro Se não pagamos março, paga por favor
Segundo a Polícia Federal, o sócio Juan é o responsável pelo contato com a advogada, por quem não tinha a menor simpatia.
As investigações dizem que ele se referia à primeira-dama de maneira ofensiva.
“Este mês não pagamu [SIC] a advogada vaca.”
A operação Favorito aponta vários indícios de que Alessandro Duarte e Juan Elias eram apenas operadores financeiros dos pagamentos. Os próprios diálogos apontam a existência de um chefe.
A polícia diz que isso é mais um indício da atuação de Mário Peixoto nos bastidores do poder. E um outro diálogo obtido nas investigações mostra, segundo a polícia, que o então secretário de desenvolvimento Mário Tristão tinha conhecimento dos pagamentos da Dpad ao escritório da primeira-dama.
Em uma conversa com o ex-secretário, Alessandro Duarte informa a falta de depósitos em março e abril.
“Na sequência percebemos que Lucas Tristão tem conhecimento e/ou relacionamento com a empresa DPAD a qual possui contratos suspeitos com a empresa da senhora Helena, esposa do atual Governador Wilson Witzel.
O que dizem os citados
A defesa de Helena Witzel disse que ela não vai se pronunciar sobre o caso. Na época da operação Favorito, ela disse que a a empresa dela prestou serviços para a DPAD, tendo recebido honorários, emitido nota fiscal e declarado regularmente os valores na declaração de imposto de renda do escritório.
A assessoria do governador Wilson Witzel disse que ele não tem conhecimento das conversas.
A defesa de Alessandro Duarte declarou que as acusações serão esclarecidas na Justiça.
A defesa de Lucas Tristão disse que ele não teve qualquer relação com o exercício da advogacia de quem quer que seja durante o período que era secretário e que, mesmo sem acesso às informações, repudia qualquer conversa nesse sentido.
A equipe de reportagem tenta contato com Juan Elias.
