Dossiê aponta Macaé como possível capital de nova região metropolitana do RJ - Tribuna NF

Dossiê aponta Macaé como possível capital de nova região metropolitana do RJ

Amanhecer na Praia dos Cavaleiros. Macaé/RJ.

Realizado de forma virtual na noite da última quinta-feira (16), o seminário “Alternativas ao Desenvolvimento Local” lançou formalmente o mais recente dossiê temático dos “Cadernos de Desenvolvimento Fluminense”. A 20ª edição da revista científica traz uma revelação de peso para o município: Macaé tem potencial para despontar como a capital informal de uma possível nova região metropolitana do Rio de Janeiro, que incluiria todos os municípios de Araruama até São João da Barra.

A hipótese, de relevância econômica e social para todo o Estado do Rio, foi aventada pela professora Lia Hasenclever (UFRJ/UCAM), integrante do Observatório e uma das editoras do dossiê, em sua palestra de abertura do encontro. A perspectiva aponta uma série de conquistas já alcançadas pela cidade, mas também detalha várias responsabilidades e desafios que o município de Macaé terá de enfrentar nesse novo ciclo de crescimento econômico.

Organizado pelo Observatório da Cidade em parceria com diversas instituições de ensino e de pesquisa de Macaé, como UFRJ, UFF e IFF, o seminário representa mais uma etapa do projeto “Macaé 2030: futuros cenários para Macaé além do petróleo”. O novo dossiê foi produzido com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Fundação CEPERJ (Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro), instituição que conta com mais de meio século de história e tem como missão a capacitação, o recrutamento e a produção de estatísticas e de estratégias de políticas públicas.

A nova edição da revista CDF traz 10 artigos científicos que versam sobre distintos aspectos do desenvolvimento de Macaé, bem como sobre algumas alternativas para o futuro econômico do município. Divididos em três editorias, os trabalhos analisam desde alternativas sobre emprego e sustentabilidade até alguns diagnósticos para o aperfeiçoamento de políticas públicas nas áreas de saúde, educação, alimentação escolar, meio ambiente e aprimoramento profissional.

A possível criação de uma nova região metropolitana no Estado, que abarcaria todo o Norte Fluminense e a Região dos Lagos, foi revelada pela professora Lia Hasenclever, palestrante convidada para o lançamento do dossiê. Segundo ela, o crescimento dos fluxos migratórios em direção ao Norte Fluminense, a partir da descoberta de gás e óleo na Bacia de Campos, na década de 1970, definiu a região como ponto central no desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. “Mas, por outro lado, o grande aumento demográfico das cidades que a compõem causaram uma série de impactos que ainda estamos tentando solucionar”, disse.

Dentre os impactos sofridos pelo Norte do Estado com o boom econômico que transformou Macaé na “Capital Nacional do Petróleo”, a pesquisadora cita a importação de serviços especializados, a grande especialização de Macaé na cadeia produtiva de gás e óleo, e a ausência de incremento nas atividades tradicionais do município, como a agropecuária, a pesca e o turismo.

“Como tais atividades não foram trabalhadas conjuntamente ao período de bonança do petróleo na região, a cidade de Macaé precisa, agora, de um novo projeto de desenvolvimento que ultrapasse a sua dependência em relação ao petróleo. Por isso, estamos trabalhando rumo à criação da cidade das energias alternativas e também do conhecimento”, disse Lia Hasenclever, que ressaltou a diversificação da matriz energética do município e o apoio às suas atividades econômicas tradicionais como dois pontos indispensáveis para essa retomada.

A palestrante do Observatório da Cidade destacou ainda os recentes investimentos públicos em infraestrutura, educação e saúde, e afirmou que tal projeto precisa necessariamente incluir não apenas os municípios da Bacia de Campos, como as várias escalas federativas, reunindo cidades, Estado e União. “Os desafios são imensos, e incluem a diminuição dos índices de violência e a redução das desigualdades sociais. Os Cadernos lançados hoje apresentam várias alternativas a esses desafios”, finalizou.

O encontro virtual de lançamento do novo número do CDF contou com a presença virtual de Flaviá Picon, Secretária Adjunta de Ensino Superior de Macaé; Scheila Ribeiro, coordenadora do Observatório da Cidade; Thiago Gomes, Secretário Adjunto de Políticas Energéticas; professor Floriano José de Oliveira (UERJ); e Leonardo Mazzurana, presidente da Fundação CEPERJ).

O encontro foi mediado por Giuliano Alves (UFF) e contou com a participação de todos os pesquisadores com trabalhos publicados na vigésima edição dos Cadernos de Desenvolvimento Fluminense.

Ascom*

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