13/12/2024
Política

De olho na disputa à prefeitura do Rio, Paes atrai Republicanos, mas ala próxima a Crivella resiste

A aliança fechada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), com o Republicanos para sua reeleição ainda não garantiu o apoio da ala religiosa do partido. Controlada pela Igreja Universal do Reino de Deus, a sigla tem entre seus quadros o ex-prefeito e hoje deputado federal Marcelo Crivella, com quem o atual prefeito rivalizou no segundo turno da disputa de 2020. O acordo foi costurado com o presidente estadual da legenda, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Em troca, Paes nomeou Chiquinho Brazão para comandar a Secretaria de Ação Comunitária. Ele é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Por achar difícil ter o apoio da Universal na eleição, Paes tem uma meta mais simples em vista: que a ala evangélica do Republicanos não faça oposição a ele. Esse cenário já seria um avanço para o prefeito que, na campanha de 2020, foi alvo de ataques da igreja. Em janeiro de 2022, o jornal “Folha Universal” comparou Paes a Barrabás, ladrão que foi liberto no lugar de Jesus segundo a Bíblia, enquanto Crivella foi equiparado ao filho de Deus.

Na Câmara dos Vereadores, a divisão do Republicanos é visível: há dois parlamentares ligados ao prefeito (Ulisses Marins e Zico), três religiosos (Inaldo Silva, João Mendes de Jesus e Tânia Bastos) e dois alinhados aos interesses do ex-presidente Jair Bolsonaro (Carlos Bolsonaro e Celso Costa). Entre os integrantes da ala da Universal, o bispo Inaldo Silva afirma ser um vereador independente de Paes e que tende a ter um posicionamento mais conservador.

— Vou ficar neutro, apesar do meu partido já fazer parte da aliança do Eduardo Paes. O dirigente (Waguinho) tem um posicionamento diferente do meu, sou mais conservador e não entrarei nessa polarização. Se tiver um segundo turno, me posiciono — afirmou o bispo.

Contas de Crivella

Em dezembro, um movimento de Paes na Câmara do Rio arrefeceu a tradicional rivalidade entre o prefeito e a Universal. Os vereadores aprovaram as contas de 2019 e 2020 do governo Crivella mesmo havendo um parecer contrário do Tribunal de Contas do Município (TCM). A base de Paes na Câmara foi fundamental para que o hoje deputado não fosse punido pela Casa com a reprovação.

Até o ano passado, a relação de Paes com Crivella era de profunda hostilidade. Em março, o prefeito chamou o sobrinho do bispo Edir Macedo, fundador da igreja Universal, de “imbecil e incompetente que durante quatro anos ficou na prefeitura do Rio” ao comentar a situação dos ônibus BRTs.

Com a aproximação da sigla com Paes, integrantes do Republicanos temem eventual revés no governo do estado, onde o partido ocupa a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Caso o governador Cláudio Castro (PL) venha a exonerar Rosângela Gomes, ela voltará à Câmara dos Deputados, o que pode ocasionar um impasse no partido. Isso porque Luis Carlos Gomes (Republicanos) é suplente e ficaria sem cargo. Essa movimentação tem potencial de provocar um racha entre as duas alas da sigla, já que Waguinho assumiu a presidência a partir deste acordo.

Aliados de Waguinho, no entanto, minimizam o risco de desencontro entre as duas alas do partido.

— Não vejo problemas no apoio do Republicanos ao prefeito Eduardo Paes. Temos que levar em consideração que ele tem feito um bom governo. Os interesses da população sempre precisam estar acima dos partidários — diz o vereador Ulissses Marins.

A nomeação de Chiquinho

Eleito pelo União Brasil, Chiquinho Brazão já pediu sua desfiliação da sigla junto com outros deputados federais aliados de Waguinho, entre eles a esposa do dirigente, a ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro. Apesar de ainda estar em outra sigla, o grupo integra informalmente o Republicanos.

Fonte: O Globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *