Com Bolsonaro, economia cresceu menos e fome aumentou, aponta Dieese
Nos últimos quatro anos, o Brasil retrocedeu em importantes indicadores de desenvolvimento e qualidade de vida, apontam dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No governo de Jair Bolsonaro, a taxa média de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de 0,6%. Para efeito de comparação, nos oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento médio anual do PIB foi de 4,1%.
Bolsonaro herdou um salário mínimo de R$ 1.087 em sua posse; neste final de 2022, o valor chega a R$ 1.100 – um acréscimo de R$ 13 em quatro anos. Com o valor do mínimo, era possível comprar duas cestas básicas em 2019; hoje, só dá para comprar 1,6 cestas. No governo Lula, o viés foi de crescimento. No início de seu mandato, o salário mínimo comprava 1,3 cestas. Oito anos depois, este índice havia subido para 1,9 cestas.
Outro dado preocupante é o aumento da fome. Quando Lula assumiu o governo, o percentual de pessoas que passavam por alguma insegurança alimentar era de 35,2%. No mandato do petista, este índice caiu para aproximadamente 30%, com a erradicação da fome extrema. Nos anos Bolsonaro, o número de pessoas em insegurança alimentar saltou para aproximadamente 58,7% – e com o retorno da fome extrema.
A inflação, que pesa especialmente no bolso da população mais pobre, também subiu. Bolsonaro encontrou uma taxa anual de 3,4% e termina o ano de 2022 com 10,2%. Lula encontrou uma inflação de 14,7% quando entrou e deixou em 6,5% ao passar a faixa presidencial para sua sucessora, Dilma Rousseff.
Para José Maria Rangel, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF), uma das causas da queda nos índices socioeconômicos é a atual “política absurda” de dividendos da Petrobrás, que tira dinheiro do pobre e entrega para os ricos. A esta política, soma-se a tentativa de garantir a autonomia do Banco Central. “Esse conjunto de medidas aumenta ainda mais o fosso social em que estamos vivendo”, diz.
Segundo Zé Maria, o próximo presidente da República deverá priorizar as medidas para acabar com a insegurança alimentar. “É bom lembrar que foi Lula quem tirou o Brasil do mapa da fome, através de políticas de redução no preço dos alimentos, valorização dos salários da classe trabalhadora e controle dos preços de combustíveis, entre vários outros programas sociais. Quem trouxe o país novamente para o mapa da fome foi exatamente esse modelo de governo que Bolsonaro representa. Continuar esse modelo significa dizer que estaremos aumentando ainda mais a desigualdade social no país. A população preta e pobre não vai ter vez. Vai faltar comida na mesa e não vai ter emprego para quem precisa”, afirma.
Reservas internacionais
Na avaliação de Carlos Takashi, economista do Dieese, outro fator que pesou para uma maior estabilidade socioeconômica entre 2003 e 2010 foi o aumento das reservas internacionais líquidas (reservas que o país tem em dólar para atender às importações), graças às relações bilaterais e multilaterais que o Brasil manteve com diversos parceiros internacionais. Lula assumiu a Presidência da República quando as reservas do Brasil eram de US$ 37,8 bilhões e terminou seu mandato deixando US$ 289 bilhões em reservas.
– Essa relação com outros países foi fundamental para que o Brasil pudesse se proteger melhor de crises internas, como a que ocorreu em 2008 – avalia Takashi. Em sua opinião, o país conseguiu atravessar melhor esse período porque tinha reservas suficientes e já havia se tornado, inclusive, um credor internacional.