Cabral admite propina e imóveis ocultos em ação que remete à Farra dos Guardanapos - Tribuna NF

Cabral admite propina e imóveis ocultos em ação que remete à Farra dos Guardanapos

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) é interrogado nesta quinta-feira (23) na Operação C’Est Fini, desdobramento da Lava Jato no Rio que faz alusão à Farra dos Guardanapos. A audiência começou às 14h25, na 7ª Vara Federal Criminal, e logo no início ele voltou a admitir que recebeu propina para favorecer empresários: R$ 1,5 milhão na licitação do Poupa Tempo.

Cabral admitiu que recebeu propina do empresário Georges Sadala, um dos presentes na Farra dos Guardanapos, ao direcionar a licitação do Rio Poupa Tempo. Sadala é um dos sócios da empresa e também será ouvido nesta quinta, assim como um dos principais operadores do ex-governador no esquema, Luis Carlos Bezerra.

“Implementei aqui no Rio [o Poupa Tempo] com uma licitação direcionada para benefício dessa sociedade em que a empresa do [Georges] Sadala é sócio, o que foi dito pelo [operador Luiz Carlos] Bezerra é verdade. A ação do MPF fala em propina de R$ 1,3 milhão. Houve essa propina, mas na verdade foi de R$ 1,5 milhão. [O empresário] Arthur Soares [conhecido como Rei Arthur] também participou da sociedade”, apontou Cabral.

R$ 6 milhões de propina em imóveis

Cabral revelou ainda que, nas negociações com Sadala, obteve propina de R$ 6 milhões. O MPF desconhecia a revelação, e o ex-governador se mostrou disposto a colaborar.

“Quero adiantar que sou proprietário com Sadala de dois imóveis: um em Ipanema em nome dele, um terreno próximo a Rua Vinicius de Moraes (…), um terreno que nada foi construído até hoje, previu ter um prédio de quatro andares, sou proprietário de metade. E também um prédio comercial de mais ou menos 1000 metros quadrados na Barra da Tijuca. Isso perfaz um valor de propina de R$ 6 milhões em propina”, declarou Cabral.

O ex-governador disse ainda que Sadala tinha dificuldade de pagar propina em dinheiro e, por isso, pagou até viagens da família Cabral.

“Ele pagou, fruto de combinações, uma viagem comigo e com minha mulher em 2015 à Turquia e depois fomos a Paris e ele pagou o hotel, inclusive, o frete do avião particular de Capadócia para Paris. Isso tudo ele pago com o [cartão de crédito] American Express dele dos EUA”.

Farra dos Guardanapos celebrou gravidez, diz Cabral

No episódio que ficou conhecido com “Farra dos Guardanapos”, empresários e autoridades do Estado foram fotografados com guardanapos na cabeça em um jantar em Paris. Os investigadores do MPF acreditam que eles celebravam antecipadamente a vitória do Rio na briga para sediar a Olimpíada de 2016 – mais tarde, houve denúncia de que a cidade comprou votos com propina.

Entretanto, Cabral desmentiu a versão do MPF de que a “Farra dos Guardanapos” foi uma comemoração antecipada da “compra” de votos da Rio 2016.

“Foi no mesmo dia em que recebi a legião de honra do governo francês no Senado francês. Devo ter recebido às 2 da tarde e à noite houve o jantar (…) Na verdade, talvez eu credite a euforia que havia ali a um fato particular. Na foto estava o senhor Fernando Cavendish e a mulher dele, Jordana, que morreu num desastre aéreo depois. Ela soube naquela semana que estava grávida e a mesa estava celebrando a gravidez”.

C’est Fini

A C’Est Fini – que significa “é o fim” em francês – prendeu, além dos citados, Régis Fichtner, suspeito de receber propina de R$ 1,6 milhão.

Sadala era sócio de uma das empresas que administrava o Rio Poupa Tempo. e representante de um banco que fazia empréstimos consignados para servidores públicos. Ele também era o dono da mansão de Mangaratiba que foi vendido ao casal Cabral e Adriana Ancelmo.

A operação C’Esti Fini denunciou um esquema de corrupção no uso de precatórios por empresas que tinham dívidas, tributos e impostos com o governo do Estado.

Fonte: G1

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