Armas e cerca de R$ 140 mil são encontrados na casa de Lucinha, “madrinha da milícia”; deputada presta depoimento
A Polícia Federal apreendeu, durante buscas realizadas na casa da deputada estadual Lucinha (PSD), na manhã desta segunda-feira, cerca de R$ 140 mil reais e duas pistolas. A parlamentar presta depoimento na Superintendência da PF, acompanhada por uma advogada. Lucinha estava de óculos escuros, máscara, cabelos presos, em uma picape preta, escoltada pelos agentes. Em silêncio, ela foi conduzida pelos policiais pelos fundos do prédio.
A deputada é alvo de uma operação da PF e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Chamada de Batismo, a ação tem o objetivo de apurar a participação e a articulação política desempenhada por Lucinha, que agiria em conjunto com uma assessora para beneficiar uma milícia privada, com atuação na Zona Oeste do Rio comandada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho.
A Justiça determinou o afastamento imediato da parlamentar das funções legislativas, proibição de manter contatos com determinados agentes públicos e políticos, bem como proibição de frequentar a casa legislativa.
As investigações do MP conseguiram evidências do envolvimento da parlamentar com Zinho, um dos criminosos mais procurados do estado. A quadrilha dele atua em bairros da Zona Oeste, como Campo Grande e Santa Cruz.
A ação desta segunda é um desdobramento da operação Dinastia, deflagrada pela PF em agosto de 2022. Cerca de 40 policiais federais foram mobilizados para cumprir oito mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio. Os agentes foram para os bairros de Campo de Grande, Santa Cruz e Inhoaíba, todos na Zona Oeste. Equipes estiveram também no gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa (Alerj), no Centro do Rio.
De acordo com a PF, as investigações apontam a participação ativa da deputada e de sua assessora na organização criminosa, especialmente na articulação política junto aos órgãos públicos visando a atender os interesses do grupo miliciano, investigado por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munição, homicídios, extorsão e corrupção.
O trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Investigações Sensíveis da PF (Gise/RJ) e pela Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ) em conjunto com MP, por meio da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ)
O nome da operação está associado ao apelido Madrinha, que é como lideranças do grupo criminoso chamam a deputada.
Fonte: O Globo
