A velha política pode gerar a nova? A gestão Rafael Diniz prova que não - Tribuna NF

A velha política pode gerar a nova? A gestão Rafael Diniz prova que não

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Por Marcos Pedlowski

Já escrevi incontáveis postagens neste blog, bem como continuarei publicando novas edições da série “Campos dos Goytacazes: entre becos e saídas”, onde analiso o desempenho pífio da gestão do jovem prefeito Rafael Diniz (PPS) à frente da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes. A incapacidade desta gestão de, digamos, entregar o toucinho prometido é evidente por todas as ruas e avenida desta pobre/rica cidade.

Seja no esgoto vazando no canal Campos/Macaé que supostamente foi despoluído numa parceria público/privada entre a prefeitura e a concessionária Águas do Paraíba, ou nas centenas de pessoas que buscam alguma forma de sustento nas esquinas, o fato é que a mudança prometida para melhor não passava de um embuste eleitoral. E, pior, como já foi dito numa das entrevistas que já foram publicadas neste blog, a atual gestão conseguiu reduzir a eficácia da máquina pública (que já não era alta, diga-se de passagem) e temos hoje um misto de incompetência passiva com a arrogância que emana das falas dos menudos neoliberais que fingem que comandam as secretarias municipais.

Mas até aqui, confesso, não disse nenhuma novidade. O ponto que me parece mais significativo se refere à falácia de que o jovem prefeito que venceu de forma acachapante em primeiro turno nos serviria o que seus áulicos ousam rotular de “nova política”.  É que até aqui o temos visto desta gestão, apesar das caras bem barbeadas e das roupas bem  passadas, sempre emana aquele cheiro inconfundível de naftalina.  Isto aparece não apenas repetição de práticas que antes eram condenadas, mas, principalmente, na aplicação de uma forma arrogante de governar onde, sabe-se lá como, os atuais ocupantes do executivo municipal podem até ouvir críticas, mas se reservam um direito quase imperial de continuar tocando as coisas como melhor lhes parece.

E isso meu amigo não tem nada de novo, muito pelo contrário.  É que, independente dos rearranjos em termos de apoios, muitos dos que eram situação  continuaram sendo. E, eu acrescento, de forma inexplicável frente ao claro mandato popular que foi dado para se implantar novas formas de gerir e governar o município de Campos dos Goytacazes. Mas a disposição de confrontar o velho parece ter se esfumaçado tão rapidamente quanto as promessas de que os programas sociais que aliviavam a pobreza extrema de muitos não só seriam mantidos, como também seriam aperfeiçoados.

Entretanto, eu não culpo o jovem prefeito e seus menudos neoliberais pelo cenário desastroso que estamos vivendo neste momento em Campos dos Goytacazes. Na verdade, tudo o que está acontecendo era mais do que previsível, já que o velho nunca gera o novo. O principal problema parece ser a incapacidade existente de vencer a desorganização política para efetivamente implantar novas formas de fazer política, formas essas que finalmente venham a privilegiar os que sempre foram deixados de lado na hora de dividir a riqueza que este município efetivamente gera, a qual continua sendo apropriada por um grupo muito pequeno de famílias, para as quais nunca há crise ou suas manifestações mais medonhas como fome e disseminação doenças que só se reproduzem em condições de grande pobreza e segregação social.

*Marcos Pedlowski é Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes, RJ. Bacharel e Mestre em Geografia pela UFRJ e PhD em “Environmental Design and Planning” pela Virginia Tech.

Alerj

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