Wladimir versus Rafael: não tem nem como comparar - Tribuna NF

Wladimir versus Rafael: não tem nem como comparar

Por Marcos Pędłowski

Quem lê o que escrevo sobre a gestão do prefeito Wladimir Garotinho (Ex-PSD, atualmente sem partido) já deve ter notado que sou um crítico de parte significativa de suas práticas e projetos, pois as considero aquém do que a cidade de Campos dos Goytacazes precisa e, mais ainda, merece. Um dos problemas que vejo em particular é o uso exagerado das redes sociais pelo jovem prefeito campista, pois existem momentos em que um grau de recolhimento lhe cairia melhor do que a super exposição que as mesmas proporcionam.

Por outro lado, a ação desastrada de realizar uma eleição para a mesa diretora da Câmara de Vereadores vem proporcionando uma alavancagem a seus opositores (alguns deles com menos qualidades do que as já demonstradas por Wladimir). Não sei quem teve a infeliz ideia de realizar essa eleição intempestiva, mas o tiro claramente saiu pela culatra, e rende uma dor-de-cabeça claramente desnecessária ao prefeito de Campos já que ele precisa perder tempo precioso com ações que não são aquelas pedidas pela maioria da população.

Mas se olharmos a dita oposição na Câmara de Vereadores, a maioria dos vereadores e partidos que oposição ao governo municipal passaram quatro anos sentados confortavelmente na condição de bancada governista do governo de Rafael Diniz, certamente o pior (e olha que tivemos governos bem ruins desde que cheguei na cidade em 1997) de que tenho memória. O cinismo é tão grande que até figuras de proa do governo de Rafael Diniz tem colocado a cabeça de fora dos buracos de onde se esconderam para criticar as ações de um governo que faz a maioria da população ter uma amnésia gostosa em relação ao desastre que o governo de Rafael Diniz representou para a cidade.

Eu também chamaria a atenção para aqueles opositores dentro da chamada “sociedade civil organizada” que, como os vereadores, passaram os anos de Rafael Diniz firmemente presos nas tetas dos cofres municipais, sem que houvesse qualquer retorno palpável para qualquer setor que fosse (a não ser aquele em que eles estão inseridos). Agora que as torneiras aparentemente foram parcialmente fechadas, vê-se o retorno da crítica aos feitos do prefeito dos mesmos que em um passado recente ficaram calados.

Em outras palavras, em minha opinião Wladimir Garotinho realmente comete erros facilmente evitáveis e também exagera na autopromoção que resvala em uma arrogância contraproducente, mas está longe de representar o desastre e o estelionato eleitoral que Rafael Diniz foi. Aliás, se olharmos a distância entre promessas e ações de forma minimamente justa, chegaremos à conclusão de que a distância entre os dois prefeitos é estelar, já que Rafael Diniz foi o próprio estelionato eleitoral, tendo punido os mais pobres com medidas draconianas, a começar pelo fechamento do Restaurante Popular, que contradisseram totalmente a sua propaganda eleitoral.

Alguém poderá se perguntar o porquê de eu estar escrevendo uma postagem que aparentemente defende Wladimir Garotinho. Esclareço que não tenho porque defender o atual prefeito já que não estou nem próximo de pertencer ao grupo político dele, nem me alinho com sua linha ideológica de governar. A questão aqui é só lembrar que o governo anterior era infinitamente pior e que alguns dos detratores do atual governo eram parte orgânica dele. É preciso lembrar isso, pois “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”

Finalmente, e falando em Rafael Diniz, por onde anda mesmo o jovem ex-prefeito (agora não tão jovem) depois que a população o retirou da cadeira na qual nunca deveria ter estar? Provavelmente pensando que nas próximas eleições municipais seus malfeitos já terão sido esquecidos, permitindo então a ele poder voltar a tentar a sorte em algum cargo eletivo. Quem viver, verá.

*Marcos Pędłowski é Professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes, RJ. Bacharel e Mestre em Geografia pela UFRJ e PhD em “Environmental Design and Planning” pela Virginia Tech. Pesquisador Colaborador Externo do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa.

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