PMs são exonerados da Secretaria de Governo do RJ após denuncia de cobrança de suborno por empresa de reboques - Tribuna NF

PMs são exonerados da Secretaria de Governo do RJ após denuncia de cobrança de suborno por empresa de reboques

Três PMs foram exonerados pela Secretaria de Estado de Governo nesta quinta-feira (10), no dia seguinte a uma denúncia de tentativa de suborno envolvendo Jailson dos Santos Salazar, o dono da empresa JS Salazar, que era responsável pela administração de pátios e reboques de veículos do Rio.

Os policiais militares major Djalma dos Santos Araújo e soldado Jonatas Olímpio Norberto, ambos lotados na Operação Lei Seca, e o tenente Renan Bastos de Brito, da Operação Segurança Presente, que estavam cedidos à Secretaria de Estado de Governo, foram exonerados pela pasta após denúncia.

Os policiais foram devolvidos à Secretaria de Estado de Polícia Militar e a corregedoria interna da corporação instaurou Inquérito Policial Militar para investigar a conduta dos militares.

Segundo a denúncia feita pelo vereador Gabriel Monteiro (PSD), o dono da JS Salazar, junto com os policiais militares Renan Bastos de Brito e Djalma dos Santos Araujo, foram até a sua casa na noite de terça para oferecer suborno em troca da paralisação das vistorias que ele vinha realizando.

A Prefeitura do Rio de Janeiro rescindiu nesta quarta-feira (9) o contrato com a JS Salazar.

Gabriel gravou o encontro e, segundo ele, a proposta de Jailson seria de uma mensalidade de R$ 200 mil para que o vereador virasse “parceiro” deles.

Ainda de acordo com Gabriel, o objetivo do pagamento mensal seria evitar que o vereador continuasse fiscalizando os pátios da Prefeitura do Rio destinados para a apreensão de veículos.

Na última terça-feira (7), o vereador e sua equipe estiveram no pátio da prefeitura localizado em São Cristóvão, na Zona Norte. No local, Gabriel teria encontrado irregularidades como a falta de peças no interior dos veículos apreendidos.

Segundo Gabriel, ainda no local ele teria recebido uma ligação e mensagens dos responsáveis da empresa com ameaças e um pedido para parar a fiscalização.

“A primeira negociação foi no pátio. Depois aqui em casa eles vieram com a proposta pronta. Eu achei que fossem me oferecer R$ 20 ou R$ 30 mil para eu não publicar o vídeo que eu tinha feito no pátio da prefeitura. Mas aí ele falou que seria uma mensalidade de R$ 200 mil por mês para eu ser parceiro deles”, contou Gabriel ao g1.

“Qualquer pessoa pode discordar do meu trabalho, mas eu sou honesto e não posso violar meus princípios. Não aceitei e dei voz de prisão para todo mundo”, completou o vereador.

Gabriel estava acompanhado de sua equipe de seguranças durante a reunião em sua casa e de lá foi com todos os envolvidos para a Delegacia de Polícia da Barra da Tijuca (16ª DP).

O vereador ainda contou que o prefeito Eduardo Paes (PSD) mandou uma mensagem para ele assim que ficou sabendo da denúncia de corrupção avisando que iria romper o contrato com a empresa.

Após deixar a delegacia, Gabriel gravou um vídeo dizendo que pretende combater a ‘máfia dos reboques’ no Rio de Janeiro.

“To a madrugada toda trabalhando aqui na delegacia. O 01 ta preso. Acabo de prender o sócio da empresa que administra os pátios. Ele tentou me corromper com R$ 200 mil. Ele está aqui na delegacia preso. Oficiais da Polícia Militar estão envolvidos e com certeza muita coisa e muita gente grande vai se complicar. Eu falei que não teria medo e que combateria”, disse Gabriel.

Novas investigações

Segundo o deputado Dionísio Lins (Progressista), presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o colegiado vai propor ao Ministério Público (MP) que dê início a uma investigação sobre os serviços da empresa JS Salazar.

“É grande o número de reclamações que a comissão recebe sobre o assunto. Não bastasse a indústria das multas que assombra milhares de motoristas, agora chegou a vez da farra dos reboques. Temos relatos de motoristas que foram retirar seus veículos no pátio de São Cristóvão com toda a documentação expedida pelo Detran, e simplesmente foram informados que no local o Detran não tem ingerência alguma, ali só a prefeitura e a JS Salazar”, disse Dionísio Lins.

Dionísio disse ainda que vai solicitar ao MP que amplie essa investigação, pois o parlamentar acredita que essa prática não ocorre só aqui na cidade do Rio de Janeiro, mas também nos demais municípios do estado.

O que dizem os envolvidos

Em nota, a Secretaria de Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop) informou que rescindiu o contrato com a empresa J. Salazar e que o motivo do rompimento unilateral foi o registro de ocorrência apresentado em sede policial, na 16ª DP.

A secretaria destacou também que “já está tomando todas as medidas cabíveis para restabelecer, o mais rápido possível, a operação normal de reboques na cidade. A retirada de veículos rebocados previamente permanece inalterada”.

Já a Secretaria de Estado de Governo do Rio de Janeiro informou que os policiais citados na reportagem estavam de folga e o caso será apurado pela Polícia Civil em inquérito.

A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o 31º BPM foi acionado ao local do fato, conduziu as partes à delegacia e a 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) está acompanhando a apuração da Polícia Civil a fim de verificar os aspectos correcionais.

A equipe do g1 tentou contato com a empresa JS Salazar, mas até a última atualização desta reportagem não teve retorno.

Fonte: G1

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