Pelo menos 176 pessoas sacaram salários do Ceperj em outros 15 estados - Tribuna NF

Pelo menos 176 pessoas sacaram salários do Ceperj em outros 15 estados

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) segue investigando as contratações temporárias feitas pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj). Um cruzamento de dados da instituição mostrou que, pelo menos, 176 pessoas sacaram salários da fundação em outros 15 estados brasileiros.

o RJ2 teve acesso a lista de pessoas que estão na folha secreta do Ceperj e fizeram saques fora do Rio de Janeiro. Segundo o documento, do total de 27 mil pessoas, 176 sacaram o dinheiro fora do estado. Ao todo, mais de R$ 900 mil foram retirados na boca do caixa.

Tirando o Rio, o estado campeão de saques do Ceperj é o Rio Grande do Sul, com pelo menos 70 saques. O total de retiradas realizadas naquele estado chega próximo a R$ 260 mil.

As contratações do Ceperj estão sendo investigadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), pela Justiça e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Cerca de 18 mil pessoas foram contratadas pelo órgão com a autorização para receberem seus salários na boca do caixa, com ordem bancária, ou por meio de recibo de pagamento autônomo (RPA).

O caso ficou conhecido como “cargos secretos”, já que a nomeação das pessoas não era publicada no Diário Oficial. As formas de pagamento adotadas, segundo o Ministério Público do Rio, dificultam a rastreabilidade e facilitam a lavagem de dinheiro.

Na última segunda-feira (1), o MPRJ entrou com uma ação civil pública pedindo que o governo estadual e o Ceperj parem de fazer contratações de funcionários temporários sem a devida transparência.

A suspeita do MP é de que o órgão do governo venha sendo utilizado eleitoralmente.

Documentos sigilosos

Mesmo com investigações dos órgãos de controle e com a promessa de transparência do governo do estado, três projetos da fundação estão com seus documentos classificados como sigilosos.

Apesar da falta de transparência, a Justiça já sabe que os programas “RJ para Todos”, “Resolve RJ” e “RJ Sustentável” já gastaram juntos mais de R$ 25 milhões. A informação foi publicada nesta sexta-feira (12) pelo jornal O Globo.

Mais de 300 pessoas acumulando cargos

A Comissão de Auditoria criada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, que tem o objetivo de investigar os contratos sem transparência do Ceperj, começou a divulgar as primeiras apurações nesta sexta-feira (12).

Em nota, o estado afirmou que em um cruzamento de dados inicial identificou mais de 300 pessoas que estavam acumulando cargos em outros órgãos do governo.

O RJ2 já mostrou que pessoas que aparecem na lista de pagamentos secretos do órgão estão lotadas na Câmara Municipal do Rio, na Câmara de Campos dos Goytacazes e na Alerj.

A comissão afirma ainda que começou a enviar e-mails para as pessoas identificadas com outros vínculos com o estado para que elas comprovem a regularidade da prestação de serviços.

Cada um dos identificados terá cinco dias úteis para apresentar documentos que comprovem suas funções para o Ceperj. Os envolvidos terão que apresentar provas da compatibilidade da carga horária do cargo de origem com a função exercida nos projetos.

Segundo o comunicado, “caso seja constatada irregularidade, o profissional poderá responder a processo administrativo disciplinar (pad) no seu cargo de origem.”

Ongs investigadas

Na última segunda-feira (8), o RJ2 revelou que Ricardo Pires de Oliveira, diretor de comunicação da ong Fair Play, que presta serviço ao Ceperj, pagou uma Mercedes Benz avaliada em mais de R$ 170 mil que foi registrada em nome da empresa do ex-vice-presidente da fundação, Marcello Costa.

Horas depois, o secretário estadual de Casa Civil Nicolla Miccione determinou a suspensão imediata de todos os contratos e pagamentos referentes ao instituto Fair Play.

Contudo, apesar da determinação do secretário, a ong continuou recebendo seus pagamentos. No dia seguinte, o governo pagou R$ 19 milhões para a Fair Play, dessa vez através do programa “RJ em Movimento”, vinculado à Secretaria de Esporte e Lazer.

Vale destacar, que o dinheiro transferido para a ong veio da fonte 145, ou seja, verbas do leilão da Cedae.

Com o cruzamento das informações do projeto “Esporte Presente” com outros do Ceperj, foi possível observar que três ongs que tem contratos com a fundação tem relações entre si. São elas: Fair Play; Crescer Com Meta; e a Con-tato.

Ricardo Pires, suspeito de ter comprado a Mercedes, aparece como coordenador da Fair Play. Ele também é diretor de comunicação da ong Con-tato.

Uma empresa que está no nome de Ricardo Pires recebeu R$ 4 milhões da Con-tato por prestações de serviços. O dinheiro teve origem no programa “+ Acesso” do Governo do Estado.

Segundo o Ceperj, o programa “+ Acesso” tem como objetivo “implementar e fomentar políticas públicas voltadas à juventude”.

As ongs também se indicaram mutuamente para contratações. No projeto do Lab RJ, um laboratório de inovação montado pelo Ceperj, a Fair Play indicou a ong Crescer Com Meta para liderar o projeto.

O que dizem os envolvidos
Em nota, o governo do estado informou que o papel da auditoria é verificar a regularidade da acumulação ou não de cargos.

Segundo eles, os casos que não forem regulares, terão a recomendação de abertura de processo disciplinar ao órgão de origem.

O governo reforçou ainda que tem total interesse em dar transparência e publicidade ao trabalho da comissão e, para isso, é preciso respeitar o prazo de apuração e levantamento de dados. E que todas as medidas necessárias serão tomadas e divulgadas tão logo a auditoria seja finalizada.

Sobre os programas com ligação com a ong Fair Play, o governo disse que eles estão sendo apurados pela Comissão Especial de Auditoria e pela controladoria.

Já em relação ao pagamento feito na última terça-feira, a Secretaria de Fazenda informou que não se trata de um novo repasse e sim de uma regularização contábil de um pagamento feito em março.

Fonte: G1

Alerj

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