08/11/2024
Política

Moraes diz que ‘organização criminosa infiltrada na Abin’ usou métodos ilegais para fiscalizar investigações de aliados

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em decisão que autorizou busca e apreensão contra o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) que uma “organização criminosa infiltrada” na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usou métodos ilegais para fiscalizar investigações que atingiam aliados políticos.

“Os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na ABIN também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, com objetivo de ‘obter ganho de ordem política posto que criavam narrativas para envolver autoridades públicas de extrato politico oposicionista da então situação’, bem como para ‘fiscalizar’ indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos”, ressaltou o ministro em decisão.

Carlos, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo junto com outras três pessoas de uma operação da PF que apura indícios de um esquema de espionagem ilegal no órgão de inteligência durante o governo de Bolsonaro, sob a gestão do então diretor Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal.

Carlos é suspeito de ter sido um dos destinatários das informações levantadas de forma clandestina. O caso foi revelado pelo jornal O GLOBO em março do ano passado. Esta etapa da investigação tem como foco o núcleo político da suposta organização criminosa. Ramagem, que é figura próxima do vereador, é investigado e foi alvo de busca e apreensão na quinta-feira da semana passada.

A PF informa que busca avançar sobre o núcleo político do suposto esquema, “identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas”. “Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público”, informou.

Reportagem do GLOBO, de março do ano passado, mostrou que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinados por meio dos aparelhos celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Após a reportagem, publicada em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

Ramagem nega

Em nota divulgada na semana passada, a Abin disse que “é a maior interessada” na apuração dos fatos e que continuará a colaborar com as investigações. “Há 10 meses a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) vem colaborando com inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal sobre eventuais irregularidades cometidas no período de uso de ferramenta de geolocalização, de 2019 a 2021. A Abin é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos e continuará colaborando com as investigações”, disse o órgão.

Ramagem disse, também na semana passada, que nunca teve acesso às senhas de sistemas de monitoramento para espionar autoridades públicas e cidadãos comuns.

— Nós da direção da Polícia Federal, policiais federais que estavam comigo, nunca tivemos a utilização, execução, gestão ou senha desses sistemas — disse Ramagem à GloboNews.

Fonte: O Globo

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