10/05/2025
Polícia

Maurício Demetrio: delegado é condenado por obstrução de justiça e perde cargo público

Decisão determina prisão de mais de 9 anos. Ele é acusado de chefiar uma organização criminosa que usava da instituição para extorquir, chantagear e fazer dossiês contra desafetos

O delegado Maurício Demetrio foi condenado, no último dia 4, a mais de 9 anos de detenção pelos crimes de obstrução de justiça, organização criminosa, lavagem de capitais, além de laudo falso e inserção de dados falsos em sistema. Demetrio é acusado de chefiar uma organização criminosa que usava da instituição para extorquir, chantagear e fazer dossiês contra desafetos. Ele foi preso pelo Ministério Público em junho de 2021, na Operação Carta de Corso.

A decisão é do juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Rio. Em trecho do documento, o magistrado afirma que o desvio de finalidade das operações policiais foram “o ponto central da questão posta em julgamento”.

“Aponte-se que os crimes são gravíssimos e foram praticados justamente valendo-se da função pública que exerce e da estrutura que a Polícia Civil lhe confere”.

Na sentença, o magistrado determinou que o delegado seja removido do quadro da Polícia Civil.

‘Se existir corrupção, é do jogo do bicho’
Em depoimento à Justiça, em abril de 2022, Demétrio afirmou que, “se existir corrupção” na polícia, é a do jogo do bicho. O delegado depôs na 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa na ação penal na qual é apontado como integrante de uma quadrilha que exigia dinheiro de comerciantes de roupas falsificadas na Rua Teresa, em Petrópolis, em 2020.

Durante o depoimento de Demetrio, o então juiz da 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa, Bruno Rulière, perguntou se o delegado tinha conhecimento da corrupção na Polícia Civil:

“O senhor tem conhecimento de alguma corrupção institucionalizada na Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro? Institucionalizada, aquela que está enraizada, que funciona independente dos personagens que já têm. A máquina corrupta, ela funciona independente da troca de personagens. O senhor tem conhecimento de alguma corrupção institucionalizada nas especializadas do Rio de Janeiro?”

Demetrio pergunta: “especializadas?”. O magistrado confirma e o delegado responde: “Se existir é do jogo do bicho. Fora isso….”.

Na época das investigações do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, Demetrio era justamente de uma unidade especializada, a Delegacia de Repressão contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). O delegado tentou, inclusive, impedir as investigações contra um esquema de propina na delegacia em que comandava, ao incriminar colegas da Corregedoria Interna da Polícia Civil que também o investigavam.

Quando foi preso, os agentes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do Ministério Público do Rio apreenderam R$ 240 mil em dinheiro na casa de Demetrio, na Barra da Tijuca, além de 13 celulares, três carros de luxo blindados, além de joias como relógios de marca famosa.

O GLOBO procurou a defesa de Demetrio, mas não conseguiu retorno até a publicação da reportagem.

Fonte: O Globo

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