14/12/2024
Polícia

Justiça do Rio adia julgamento de Piruinha, contraventor de 94 anos acusado de morte de comerciante

A Justiça do Rio adiou para o dia 25 de abril o julgamento do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos. O contraventor é acusado de matar o comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, em julho de 2021, em Vila Valqueire, na Zona Oeste.

A sessão estava programada para esta terça-feira (9), no 3º Tribunal do Júri, no Centro do Rio, mas o Ministério Público argumentou que foram juntados mais dois processos ao júri: o de Monalisa Neves Escafura, filha de Piruinha, que está foragida, e o do segurança dela, o PM Jeckson Lima Pereira, que está preso há 2 anos.

Os promotores alegam que não tiveram tempo hábil de analisar os novos processos e que os réus não estão presentes.

Durante a sessão, a Justiça deferiu o pedido de soltura de Jeckson. Uma perícia técnica constatou que o carro usado no crime não era o usado pelo pai do policial, como afirmava a investigação. Depois de 2 anos, ele ganhou liberdade provisória até que se conclua o processo.

Jeckson terá que cumprir medidas cautelares, como não poderá se ausentar da comarca nem se aproximar de testemunhas.

A defesa de Piruinha pediu a revogação da sua prisão preventiva, mas o magistrado negou.

“Um dos pilares da denúncia ruiu com uma perícia técnica. Por isso, vou me posicionar a favor da soltura do Jeckson. Em relação ao José Escafura, me posiciono contra sua soltura porque ele já teve a seu favor a prisão domiciliar e a retirada da tornozeleira. A saúde dele é da melhor forma possível”, destacou o promotor.

O mais velho membro vivo da antiga cúpula do jogo do bicho do Rio de Janeiro – como mostra a série documental “Vale o Escrito”, do Globoplay, que expõe o submundo da contravenção no RJ – participaria por videoconferência de sua casa, onde cumpre prisão domiciliar.

Ele foi preso há 2 anos em uma operação da Polícia Civil do RJ e do Ministério Público do Rio.

Segundo as investigações, a mando do bicheiro, o PM Jeckson Lima Pereira, segurança do bicheiro, executou Neto, que era dono de uma loja de carros. O MP aponta que a execução seria uma forma de punição pelo fato de não ter quitado uma dívida.

“Exerce, há décadas, o domínio do jogo do bicho em diversas regiões da cidade”, diz o do MP.
“Piruinha ainda arrenda outras áreas para exploração de jogos de azar para outros contraventores.”

No fim de 2023, Piruinha sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está preso com medidas cautelares em sua casa, devido a problemas de saúde.

Quem é Piruinha

Antes de ingressar no jogo do bicho, Escafura foi motorista de lotação, na década de 1950. Depois, passou a gerenciar as bancas da região da Piedade, Abolição e Inhaúma, região onde exerceu bastante influência no auge do jogo – e onde mora até hoje.

Desde a década de 1970, quando da divisão territorial do Rio entre os principais banqueiros de bicho da cidade, Piruinha controlava o jogo nas regiões de Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça.

Estava entre os 14 banqueiros presos e condenados pela juíza Denise Frossard, da 14ª Vara Criminal, em 1993, por formação de quadrilha ou bando armado. Piruinha e os outros bicheiros receberam a pena máxima de 6 anos de detenção.

Nesse mesmo processo, os bicheiros respondiam por tráfico de drogas e tortura. Mas, nas alegações finais do julgamento, o promotor pediu a exclusão desses crimes, por falta de provas.

A sentença, no entanto, foi modificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reduziu a pena para a metade. Por meio de recursos, advogados conseguiram excluir o crime de bando armado. Quase cinco anos depois, todos já estavam soltos.

Por não ser ligado a nenhuma escola de samba, como Castor de Andrade, por exemplo, não tinha muita visibilidade, mas nem por isso era considerado menos violento.

Paralelamente ao jogo, explorava outras atividades, como motéis em bairros da Zona Oeste.

O bicheiro também foi investigado por uma suposta ligação com uma quadrilha de abortos clandestinos.

Em junho de 2017, Haylton Carlos Gomes Escafura, filho de Piruinha, foi encontrado morto em um hotel na Barra da Tijuca, ao lado da mulher, a policial militar Franciene de Souza.

Para a polícia, o motivo da execução foi a disputa pelos pontos de venda de máquinas caça-níqueis.

Ele vinha tentando recuperar de territórios do jogo do bicho que tinham sido arrendados na região de Cascadura e Abolição.

Haylton chegou a ser condenado a 14 anos por envolvimento com o jogo do bicho.

Fonte: G1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *