06/10/2024
Política

Investigação aponta que Edmar Santos estava cometendo crimes mesmo após exoneração, diz MPRJ

Os investigadores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) do Ministério Público do Rio (MPRJ) informaram à Justiça do Rio que o ex-secretário de Saúde Edmar Santos ainda cometia crimes mesmo após ter sido exonerado de seu cargo.

“O fato do investigado não mais ocupar a função pública de Secretário Estadual de Saúde não configura causa suficiente de neutralização do risco de cometimento de novos delitos, notadamente na hipótese em que se noticia a realização e continuidade de infrações que não pressupõem essa condição, como é o caso de eventual delito de lavagem de dinheiro”, diz a decisão do juiz Bruno Ruiliere, que autorizou o cumprimento da prisão preventiva.

O ex-secretário de Saúde Edmar Santos foi preso nesta sexta-feira (10), em um desdobramento da Operação Mercadores do Caos. Ele é apontado como chefe de uma organização criminosa que atuava na Secretaria Estadual de Saúde durante a pandemia da Covid-19.

O Gaecc afirma ainda que é possível que outros integrantes do grupo criminoso liderado por Edmar ainda estejam atuando em cargos públicos do Governo do Rio. O pedido de prisão preventiva foi justificado na possibilidade do ex-secretário atrapalhar o recolhimento de provas.

“Há provas indicativas da intensa atuação do ora investigado na tentativa de manter supostos integrantes do esquema criminoso dentro da Secretaria Estadual de Saúde (…) Na atual fase da investigação, sequer pode-se afirmar que não haja integrantes da organização criminosa ainda ocupando cargos no Poder Público”, afirmou.
“Edmar José Alves dos Santos mantém seu poderio político, incluindo a possibilidade real de uso deste para interferir negativamente na colheita de fontes materiais de prova”, completou o juiz na decisão.

Lista secreta

O Ministério Público teve acesso ao conteúdo da quebra do sigilo telefônico do ex-subsecretário executivo Gabriell Neves e descobriu que o ex-secretário Edmar Santos era quem chefiava, de maneira discreta, a quadrilha responsável pelos desvios na Saúde do RJ.

Os promotores apresentaram provas de que o próprio ex-secretário fazia a interface com empresas interessadas em contratar com a secretaria. E que, em certas ocasiões, realizava prévia indicação daqueles que seriam contratados em processos administrativos que estavam por vir.

Em uma conversa de áudio no celular de Neves, Edmar Santos determinava a criação de uma “lista secreta” daqueles que seriam fornecedores da pasta.

“(…) E a segunda coisa. Mapeia para mim todos os endereços de depósito de distribuidor de medicamento, distribuidor de material médico e distribuidor de equipamento aqui no Rio de Janeiro. Cara, todos esses endereços de depósito, deixa uma lista aí secreta contigo. Só eu e você vamos ter acesso a isso”, instruiu Santos a Neves.

Dinheiro apreendido na operação contra Edmar

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