Herdeiros da cúpula do bicho já dominam o carnaval do Rio - Tribuna NF

Herdeiros da cúpula do bicho já dominam o carnaval do Rio

Com fichas limpas na Justiça, os herdeiros da cúpula do jogo do bicho do Rio já dominam o carnaval do Rio. Ao longo da última década, filhos e netos dos maiores bicheiros do estado começaram sua trajetória nas escolas de samba em cargos subalternos, pavimentaram — com altos investimentos — seu caminho até o topo da hierarquia das agremiações e hoje ditam os rumos da folia.

Três deles chegaram à presidência de suas escolas. Marcelo Calil Petrus Filho, o Marcelinho Calil, neto de Antônio Petrus Kalil, o Turcão — morto em 2019 —, foi o primeiro: assumiu a Viradouro em 2017, quando a agremiação ainda estava no Acesso. De lá para cá, a escola subiu para o Grupo Especial, venceu o carnaval de 2020 e, desde então, sempre se manteve entre as três melhores, com desfiles luxuosos.

Cátia Drumond, filha de Luizinho Drumond, foi escolhida entre seus irmãos para suceder o pai, morto em 2020, como presidente da Imperatriz Leopoldinense, atual campeã. Ela, inclusive, já prepara a sua própria sucessão: João Felipe, seu filho, já é diretor executivo da escola e braço direito da mãe no barracão.

— Eu passei 27 anos nos bastidores da escola, trabalhando com meu pai. O João é novo, tem 20 anos, pode esperar mais um pouco para assumir — afirma Cátia.

Luiz Guimarães, filho de Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, é o mais novo do grupo: virou presidente da Vila Isabel no ano passado, aos 24 anos. Em seu primeiro carnaval no cargo, chegou à terceira colocação.

— Tenho o melhor professor do mundo em casa para me ajudar — disse Luiz, que gosta de ostentar fotos em carrões e praias paradisíacas nas redes. Seu pai, no entanto, não estava no Sambódromo para ver a Vila Isabel: desde dezembro, Guimarães está em prisão domiciliar sob a acusação de ser mandante do assassinato de um pastor, em São Gonçalo.

Apesar de ainda não ter chegado a presidente da Beija-Flor, Gabriel David, filho de Anísio Abrahão David, é quem toca, na prática, o dia a dia da escola. O cargo, atualmente, é ocupado pelo ex-PM Almir Reis, ex-segurança e braço direito de Anísio, muito próximo da família.

Enquanto o quarteto ganha espaço nas escolas, outro herdeiro de um dos chefões se afastou do carnaval por conta das acusações que acumula na Justiça. Rogério Andrade, sobrinho de Castor de Andrade e patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, resolveu parar de investir na escola nos últimos anos — o que quase culminou no rebaixamento da agremiação em 2023. A escola ficou com a penúltima colocação.

Nos bastidores, comenta-se que Rogério Andrade credita aos holofotes trazidos por sua chegada à escola, em 2014, as investigações contra ele nos últimos anos. Atualmente, ele é réu pelos crimes de associação criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Sem o dinheiro do bicheiro, a Verde e Branco está afundada em dívidas, penhoras e bloqueios de verbas decorrentes de processos trabalhistas.

Turcão, Luizinho Drumond, Capitão Guimarães, Anísio e Castor foram alguns dos bicheiros condenados pela juíza Denise Frossard por formação de quadrilha em 1993. Todos acabaram soltos poucos anos depois, beneficiados por decisões de Tribunais Superiores. A cúpula do jogo seria novamente presa em 2007, durante a Operação Furacão, da Polícia Federal, que expôs os laços entre contraventores, magistrados e policiais.

Fonte: O Globo*

Alerj

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