Fundão 'cooptado', candidatura identitária, alianças: Lula enfileira críticas ao PT e à militância na filiação de Marta - Tribuna NF

Fundão ‘cooptado’, candidatura identitária, alianças: Lula enfileira críticas ao PT e à militância na filiação de Marta

Com a presença da presidente do PT — a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) — no palco do evento de filiação de Marta Suplicy, realizado em São Paulo na noite desta sexta-feira, Luiz Inácio Lula da Silva fez uma série de críticas ao comportamento do partido e da militância à esquerda em diferentes frentes. Numa das mais contundentes, disse que os deputados petistas “cooptaram” o fundo eleitoral.

Por decisão da sigla, os parlamentares têm direito a uma fatia maior do fundo do que os seus correligionários nas campanhas eleitorais. O critério é comumente adotado por outras legendas.

— Direção do partido, candidatos e autoridades: pensem em como a gente vai dar a volta por cima para voltar a ter mais deputados, senadores e vereadores. Na última eleição, aqui em São Paulo, tinham meninas candidatas a vereadora que não tinham um desgraçado de um panfleto porque o fundo eleitoral foi cooptado pelos deputados que têm mandato. E o povo tem pouca participação nesse dinheiro — afirmou Lula, acrescentando que, quem tiver raiva dele por conta da declaração, “pode falar”.

O presidente da República também disse ser contra a observância de gênero e cor como critério principal para o lançamento de candidaturas. Na avaliação dele, devem entrar na política aqueles que apresentem “qualidades” para disputar a corrida às urnas.

— Precisa escolher como candidato a vereador do PT as pessoas que são lideranças reais no movimento social, e não aqueles que querem apenas ser candidatos. “Eu quero me lançar, eu vou me lançar”. “Eu quero me lançar porque eu sou branco. Eu quero me lançar porque eu sou mulher. Eu quero me lançar porque eu sou negro. Eu quero me lançar porque eu sou indígena”. Está errado. As pessoas têm que se lançar pelas qualidades delas e disputar as eleições. Se a gente não fizer isso, a gente não vai crescer — alertou Lula, antes de avançar na crítica pontuando que o PT não pode ser “massa de manobra” de candidato: —O partido tem que ter coragem. Não é o deputado federal que indica o candidato a vereador porque quer fazer dobradinha com ele depois. Não é o deputado estadual que indica. É o partido.

Lula fez um discurso acalorado — o mais longo da noite — e em alguns momentos viu a plateia silenciar por completo. Ao citar que está com 78 anos, ele disse que já fez mais do que imaginou que pudesse em seus mandatos e que, agora, quer “salvar” o seu partido.

Menos prefeituras

Em outra provocação direcionada a parlamentares do partido, Lula questionou o fato de o PT ter 20% de preferência eleitoral, mas apenas 5% de voto na legenda para vereador. Além disso, ao cobrar que os filiados ampliem o leque de alianças, ele lembrou que que a legenda perdeu a disputa municipal em cidades paulistas importantes nos últimos anos.

— Tem que avaliar quem tem condições de ganhar. O partido precisa procurar alianças. Trazer gente que não gosta de mim, que eu não conheço — pediu. — Nós temos que trabalhar lembrando que a gente já governou São Paulo, Guarulhos, Osasco, São Bernardo, Santo André, Diadema, Ribeirão Pires e Mauá. Tudo de uma só vez. A gente governava praticamente 22 milhões de brasileiros aqui. E perdemos quase todas. Hoje temos Mauá e Diadema. O que aconteceu conosco? Onde foi o erro?

O presidente ainda chamou a atenção de apoiadores que “perdem tempo” fazendo críticas ao governo e reforçou o apelo para que dialoguem com pessoas que não votaram no partido:

— Muitas vezes vocês perdem muito tempo olhando o que o governo está fazendo, fazendo críticas. O nosso papel quando ganhamos as eleições não é ficar olhando os defeitos do governo. Nosso desafio é saber o seguinte: a gente está indo para a periferia do país conversar com as pessoas que foram enganadas pelo bolsonarismo? A gente está indo conversar com as pessoas que se deixam levar pela fake news todo dia? Com a juventude da periferia? Estamos conversando com os pobres que não votam na gente? Com as pessoas que são evangélicas e acreditam na mentira deslavada de alguns pastores? Ou a gente está só se reunindo entre nós, do PT, para fazer críticas a nós do PT? — questionou.

Fonte: O Globo

Alerj

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