Estudantes protestam contra corte de R$ 2,399 bi no MEC
Milhares de estudantes e professores foram às ruas de diversas cidades do país nesta terça-feira (18/10) para protestar contra os cortes na educação promovidos pelo governo federal. Em Campos, foi realizada uma caminhada, que percorreu as ruas do Centro e terminou na Praça São Salvador. Participaram estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal Fluminense (IFF) Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
Somente no ano de 2022, dos R$ 4,7 trilhões que deveriam ter sido destinados ao setor, foram contingenciados recursos na ordem de R$ 2,399 bilhões do Ministério da Educação.
Um dos estopins do movimento foi uma declaração feita pelo presidente Jair Bolsonaro no debate do último domingo (16/10), no qual ele afirmou que, como as universidades ficaram fechadas por dois anos durante a pandemia, não faria sentido ter criado novas instituições de ensino superior nesse período.
A afirmação foi condenada com veemência pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). “Durante a pandemia as Universidades Públicas brasileiras atuaram cotidianamente, em várias frentes, com ações de ensino, pesquisa e extensão”, destacou a entidade em nota, na qual destaca ações como a adoção do ensino remoto emergencial inclusivo, a atuação direta no trabalho diuturno para salvar vidas nos hospitais universitários e a realização de pesquisas que foram fundamentais para o desenvolvimento de diagnósticos e tratamentos mais rápidos, baratos e confiáveis contra a Covid-19.
Além de achar que as universidades não fizeram nada durante a pandemia, dois dias após o primeiro turno das eleições Bolsonaro autorizou o contingenciamento de mais R$ 2,6 bilhões na educação. Mas, diante da repercussão negativa, acabou recuando e anunciando o desbloqueio de R$ 328,5 milhões das universidades federais e de R$ 147 milhões dos institutos federais.
A política de cortes no setor persiste há quatro anos. No Instituto Federal Fluminense (IFF), o primeiro corte – correspondente a 14% definitivos no orçamento – aconteceu no início de 2021. Segundo o reitor Jefferson Manhães de Azevedo, houve uma diminuição inicial de aproximadamente R$ 4,6 milhões do orçamento institucional.
Somados aos últimos cortes anunciados na educação, Jefferson lembra que o orçamento de funcionamento institucional já era 15% menor do que o de 2019, sem considerar a inflação. “Como o número de alunos vem crescendo a cada ano, o orçamento por aluno de 2022 é aproximadamente 40% menor do que o de 2015”, disse.
Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e ex-membro do Conselho do IFF, José Maria Rangel vê com tristeza o desmonte da educação – não apenas superior, mas também a básica.
– Eu sempre estudei em escola pública, e acredito que a educação é a solução para o Brasil voltar a crescer e a gerar empregos. Não podemos mais conviver com esse desmonte. Precisamos voltar ao projeto de construção de creches, escolas de ensino fundamental, escolas técnicas, universidades e institutos federais, valorizando a vocação de cada estado e município. É lamentável ter um presidente que desvaloriza as universidades, corta recursos da educação para investir no orçamento secreto, nega a ciência e a tecnologia – disse.
Coordenador do Sindipetro-NE, Tezeu Bezerra também participou do ato no Centro de Campos. “Quero parabenizar os estudantes que organizaram o movimento em favor desta causa tão importante, que é a educação. É fundamental ocupar as ruas na luta pelos nossos direitos. Precisamos unir forças para acabar com esse governo que destrói a educação”.
