Empresas que ganharam R$ 50 milhões da Fundação Saúde têm mesmo endereço de firmas da família do diretor do instituto
Duas empresas da família do diretor executivo da Fundação Saúde têm endereço registrado no mesmo lugar de outras duas empresas que receberam juntas mais de R$ 54 milhões da Fundação Saúde.
A Fundação Saúde virou o centro das atenções depois que um laboratório contratado causou a infecção de seis pacientes com HIV. Uma das empresas que participaram da disputa pelo contrato também funciona no mesmo endereço em Nova Iguaçu.
O RJ2 foi até a Rua Dom Walmor, no Centro de Nova Iguaçu, investigar como duas pequenas salas comerciais abrigam tantas empresas e contratos públicos.
Em duas salas conjuntas de um prédio funcionam o Centro Médico Dom Walmor e o Palmar Lab. O sócio-administrador dessas firmas é Mário Luiz Mentrop.
Juntas, elas já receberam mais de R$ 54 milhões de verba pública da Fundação Saúde. Muitos serviços foram prestados sem contrato, alguns contratos com dispensa de licitação e poucos com pregão eletrônico.
No mesmo endereço, foram registradas duas empresas da família de João Ricardo Pilotto, que o ocupa o cargo mais alto na Fundação Saúde. A Cardioclin Serviços Médicos, que é do filho dele, José Ricardo Pilotto, e a Imagem Diagnóstica 2015, que tem entre as sócias a sobrinha Petra e a cunhada Paula Maria Pilotto.
Documentos comprovam que a empresa do filho do diretor executivo da Fundação Saúde funcionava no mesmo endereço de empresas que recebem verba do órgão controlado pelo pai.
O filho de Pilotto não trabalha mais no local. A empresa se mudou, mas a firma dos outros parentes continua funcionando no endereço. É o que diz o registro da Imagem Diagnóstica 2015 na Receita Federal, mesmo endereço e mesmo telefone que a Cardioclin também declarava.
A equipe de reportagem entrou no prédio e tentou falar com alguém nas salas onde funcionariam as empresas Dom Walmor, Palmar Lab e Imagem Diagnóstica, mas, em horário comercial, ninguém atendeu. O porteiro do prédio confirmou que apenas a Dom Walmor funciona no prédio.
A Fundação Saúde é investigada pela contratação de um laboratório que causou a infecção de seis pessoas com HIV. O próprio governo do estado acionou o departamento especializado em corrupção, crime organizado e lavagem de dinheiro.
A Polícia Federal também abriu um procedimento para investigar a contratação do laboratório, que foi suspensa.
Quem deve assumir o serviço é a segunda colocada do pregão eletrônico que deu a vitória ao PCS. A terceira colocada, que pode ser convocada, também tem endereço em Nova Iguaçu, onde atua a família do diretor executivo da Fundação Saúde.
No pregão eletrônico que deu a vitória ao PCS Saleme, o Palmar Lab ofereceu o terceiro melhor preço.
O RJ2 procurou a segunda colocada para saber se ela vai assumir o serviço, mas a empresa Rocha e Fonseca Diagnósticos não quis dar uma resposta.
Nessa semana, o RJ2 mostrou as relações entre a Fundação Saúde com os donos de empresas com contratos. O PCS Saleme tem como um dos sócios Matheus Teixeira Vieira, que é primo do ex-secretário de Saúde, Doutor Luizinho.
Além disso, Matheus e João Ricardo Pilotto, diretor da Fundação Saúde, foram parceiros de negócios. As empresas deles dividiam o mesmo endereço.
O que dizem os citados
A empresa Palmar disse que as atividades junto à Fundação Saúde são realizadas de forma regular e que todas as obrigações contratuais e financeiras são cumpridas conforme a legislação.
O que dizem os citados
A empresa Palmar disse que as atividades junto à Fundação Saúde são realizadas de forma regular e que todas as obrigações contratuais e financeiras são cumpridas conforme a legislação.
G1*