27/07/2024
Polícia

Celsinho da Vila Vintém deixa cadeia em Bangu

Celsinho da Vila Vintém, conhecido como um dos principais traficantes do Rio nos anos 1990, deixou a cadeia no início da tarde desta quarta-feira (19). Na saída, ele disse que sofre de problemas de saúde e não se envolverá mais com o crime.

“Procurar alguma coisa para fazer, ficar tranquilo. Ficar tranquilo eu vou, envolver com nada eu não vou. Eu não me envolvo há muitos e muitos anos. Tentar viver uma nova vida”, disse Celsinho.

Nesta segunda (17), Marcello Rubioli, juiz da Vara de Execuções Penais, concedeu liberdade a Celsinho no único processo que o mantinha preso.

Celsinho cumpria pena no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, e vai seguir respondendo ao processo em liberdade.

A prisão dele se deu por uma condenação, em primeira instância, a 15 anos de regime fechado por ter comandado a invasão da Rocinha, em 2017.

Em 11 de outubro, a 3ª Câmara Criminal revogou a prisão, e Celsinho ganhou o direito de recorrer em liberdade.

O alvará de soltura foi condicionado, no entanto, à ausência de outras pendências judiciais do réu. Nesta segunda, a Vara de Execuções Penais terminou de analisar e verificou que não havia outras penas que o impedissem de deixar a cadeia para responder em liberdade.

A prisão de Celsinho pela invasão na Rocinha ficou em xeque a partir da operação do Ministério Público deflagrada em setembro, que teve como um dos alvos o delegado Maurício Demétrio, acusado de envolvimento com o jogo do bicho.

Segundo os promotores, Demétrio teria usado de sua condição de autoridade policial para favorecer o grupo do bicheiro Fernando Iggnácio. Para isso, de acordo com a denúncia, em setembro de 2017, Demetrio teria negociado a transferência de Celsinho da Vila Vintém para a Penitenciária de Catanduvas, no Paraná, a fim de tirá-lo do caminho do bicheiro.

O nome de Celsinho foi incluído no inquérito de uma invasão da Rocinha, naquele ano, com a suposta ajuda do delegado Antônio Ricardo Lima Nunes, na época, titular da 11ª DP (Rocinha), quando não havia nada contra o chefe do tráfico da Vila Vintém, na Zona Oeste.

Entre 2002 e 2017, Celsinho esteve no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, por outras condenações, mas o prazo para sua permanência acabou, e ele retornou para o Rio.

Em nota, a defesa de Antônio Ricardo afirmou que “a investigação seguiu todos os trâmites legais, com depoimentos e perícias que comprovaram a participação de diversos criminosos de várias regiões do Rio de Janeiro, incluindo-se a Vila Vintém, Estácio e Pedreira, todos interessados em retomar o controle do narcotráfico na Rocinha”.

Fundador de facção criminosa

Apontado como um dos fundadores de uma das principais facções criminosas do Rio, a Amigos dos Amigos (ADA), ele participou como testemunha de defesa em um processo contra Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de uma facção rival, em outubro do ano passado.

Beira-Mar era julgado em relação à participação em uma das maiores rebeliões do complexo prisional de Bangu, na qual quatro presos foram assassinados.

Na época, Celsinho disse que tentou se proteger do ataque dos presos e que o Beira-Mar não estava junto. Ao ser encontrado, ouviu de traficantes rivais que não seria assassinado. “Vim aqui, como testemunha dele, para pagar a dívida, por terem me deixado vivo”, disse, sob olhar e sinais de concordância de Beira-Mar.

Celsinho ironizou a qualidade da penitenciária durante uma das perguntas em que foi citado o “presídio de segurança máxima” de Bangu 1. Antes de responder à questão, ele debochou: “Segurança máxima é brincadeira, né?”, afirmou, provocando risos.

Na rebelião, ocorrida em 2002, e que Beira-Mar foi acusado de comandar, foram mortos os traficantes, aliados a Celsinho, Ernaldo Pinto Medeiros (Uê), Carlos Alberto da Costa (Robertinho do Adeus), Wanderlei Soares (Orelha) e Elpídio Rodrigues Sabino (Pidi).

G1*

Alerj

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