Casas de praia, sítios e até quadriciclo: veja lista de bens deixados por ganhador da Mega-Sena assassinado a tiros
Alvo de uma disputa judicial que já dura 17 anos e envolve nove parentes, a herança deixada pelo lavrador Renê Senna, ganhador de R$ 52 milhões na Mega-Sena assassinado a tiros no dia 7 de janeiro de 2007, em Rio Bonito, na Região Metropolitana do Rio, é estimada atualmente em mais de R$ 100 milhões. Entre os bens deixados por Senna estão aplicações financeiras feitas em vida por ele, imóveis, uma quantia em dinheiro da venda de dezenas de cabeças de gado, pelo menos duas casas de praia, dois tratores e um Mitsubishi Pajero blindado, ano 2004.
Também estão incluídos na ista dos bens deixados por Renê Senna um quadriciclo, o mesmo que ele usava no dia em que foi baleado, um sítio em Itaboraí, na Região Metropolitana, o dinheiro da venda de dois sítios e da Fazenda Nossa Senhora Conceição, onde ele viveu por sete meses, antes de ser assassinado, e uma cobertura de 177 metros quadrados em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Este último imóvel, foi comprado por R$ 300 mil por Adriana Almeida, que na ocasião morava com Renê e é apontada pela polícia como mandante de sua morte. Por conta do crime, ela foi condenada a 20 anos de prisão. A residência, segundo investigação feita pela Polícia Civil, serviu para encontros amorosos de Adriana com um amante dela, que na época era motorista de van. Todo dinheiro e os bens listados fazem parte do espólio do lavrador, cuja inventariante é Renata Almeida Senna, filha do milionário. Tudo está bloqueado e só poderá ser usado com autorização judicial ou no fim do inventário. Além de Renata, também disputam a herança oito irmãos e um sobrinho do lavrador.
Logo após ganhar o prêmio, num concurso da Mega-Sena em julho 2005, Renê comprou, por R$ 550 mil, uma casa num terreno de 600 metros quadrados no luxuoso Condomínio Maramar, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, onde passou a morar. Depois, arrematou por R$ 85 mil uma casa de praia, num terreno de 765 metros quadrados no Condomínio Vila Mar, em Saquarema, Região dos Lagos. O xodó de Renê, no entanto, era a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, em Rio Bonito, Região Metropolitana do Rio, comprada por R$ 9 milhões. Foi lá que o milionário viveu seus últimos sete meses de vida.
Em 2021, a propriedade, que após a morte do lavrador sofreu sucessivos furtos, foi vendida por cerca de R$ 10 milhões. Um pequeno trecho da área também foi desapropriado lela Justiça para a expansão de uma praça de pedágio.
Na última terça-feira, a 1ª Vara Cível de Rio Bonito decidiu negar um pedido de efeito repristinatório (de restauração da vigência) de um testamento, registrado em cartório no dia 2 de setembro de 2005, por Renê Senna. No documento, o lavrador beneficiava com 50% de sua fortuna a filha Renata. Já a outra parte, segundo o mesmo registro, deveria ser dividido por oito irmãos e um sobrinho de Renê.
Com a decisão, continua válido um segundo testamento, registrado pelo ganhador da Mega-Sena em 16 de março de 2006. O documento beneficia Renata, considerada herdeira legítima do milionário, como única e exclusiva destinatária de toda herança. Apesar da decisão, desta terça-feira, o advogado Sebastião Mendonça, representante de oito irmãos e um sobrinho do lavrador e autor do pedido para volta da validade do testamento de 2005,anunciou que entrará com um recurso de apelação no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).
Um terceiro testamento, feito por Renê Senna no dia 9 de outubro de 2006,foi anulado pela Justiça. No documento, ele incluia Adriana Ferreira Almeida Nascimento, com quem viveu, como destinatária de 50% de sua herança, deixando o restante da fortuna para a filha Renata Almeida Senna. Condenada a 20 anos de prisão após ser apontada como mandante da morte de Renê, Adriana deixou ser beneficiária da herança por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O órgão negou recurso da viúva do milionário que tentava o direito de receber parte da fortuna do falecido marido.
Em novembro de 2021, uma decisão judicial já havia garantido para a filha do ganhador da Mega-Sena 50% da herança. Na época, foi determinado pela Justiça que metade da fortuna do pai, cerca de R$ 43 milhões (sem contar com pouco mais de R$ 10 milhões, frutos da venda de uma fazenda onde Renê morou antes de morrer), fossem depositados na conta de Renata Senna, considerada herdeira legítima do milionário, depois do recolhimento de impostos pelo Estado.
A decisão foi tomada justamento após o STJ negar um recurso da viúva Adriana Ferreira Almeida Nascimento, apontada como mandante da morte de Renê. A ex-mulher do milionário tentava validar um terceiro testamento (dois outros já haviam perdido a validade por conta do documento apresentado por Adriana) que dava direito a ela à metade da fortuna. O Judiciário considerou que Renê foi manipulado por Adriana, que já teria um plano para matá-lo.
De acordo com a sentença que a condenou, Adriana encomendou a morte do marido após ele ter dito que iria excluí-la do testamento, pois sabia que estava sendo traído. De acordo com levantamento feito no fim de junho na Vara de Execuções Penais, Adriana Ferreira de Almeida Nascimento cumpre pena no regime semiaberto. Ela estaria em prisão albergue domiciliar aguardando progressão para o regime aberto.
Fonte: O Globo