Cabral admite ‘excesso’ em viagens de helicóptero
O ex-governador do RJ Sérgio Cabral admitiu “excessos” em mais de duas mil viagens de helicóptero enquanto estava no poder.
Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo prestaram depoimento nesta quinta-feira (5) em sessão a portas fechadas no Tribunal de Justiça do RJ.
Ambos negaram as acusações de peculato — desvio de dinheiro público. Para o Ministério Público, porém, não há dúvidas sobre o crime.
“Nós temos provas documentais. Contra isso, não há o que se falar. O réu pode mentir, pode fazer o que ele quiser”, disse a promotora Marcia Colonese.
De acordo com a denúncia do MP, foram 2.281 voos particulares entre 2007 e 2014 — um prejuízo de R$ 20 milhões ao Erário.
No depoimento, Cabral disse que todos os deslocamentos de helicóptero foram por determinação do gabinete de segurança, mas reconheceu os excessos.
O processo segue para a fase de alegações finais.
Rio-Mangaratiba
A investigação do MP-RJ mostrou que o ex-governador Sérgio Cabral e seus familiares utilizavam livremente três helicópteros do governo do estado para fazer deslocamentos de caráter pessoal.
Uma das rotas mais comuns era entre o Rio de Janeiro e Mangaratiba, na Costa Verde. Lá fica o Condomínio Portobello, onde Cabral e uma série de investigados pela força-tarefa da Lava Jato no Rio mantinham casas de praia. Somente nessa rota foram feitas 1.039 viagens.
Em pelo menos 109 ocasiões os três helicópteros viajaram simultaneamente para o local.
Também foram identificadas 1.033 viagens entre um heliponto próximo à casa do ex-governador, no Leblon, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras. O trajeto de sete quilômetros levava sete minutos pelo ar. De carro, são 20 minutos.
O uso indiscriminado das aeronaves foi reduzido em 2013, quando o governo do estado editou uma regulamentação.
G1*