Marcelo Crivella vira réu em ação sobre o ‘QG da Propina’
O ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella virou réu no processo do suposto “QG da propina” na Prefeitura do Rio.
Crivella, que deixou a prefeitura no fim de 2020, é acusado de comandar um esquema de liberação de pagamentos a credores do executivo municipal e direcionar licitações em troca de propina.
Além de Crivella, outras 25 pessoas também viraram rés, entre elas:
- empresário Rafael Alves, apontado como o principal operador financeiro da quadrilha;
- Marcelo Alves, ex-presidente da Riotur;
- ex-senador Eduardo Lopes;
- Mauro Macedo, primo e ex-tesoureiro das campanhas de Crivella;
- marqueteiro Marcelo Faulhaber;
- empresário Arthur Soares, o Rei Arthur
Os réus vão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A juíza Juliana Benevides, da 1ª Vara Criminal Especializada de Combate ao Crime Organizado, recebeu a denúncia do Ministério Público do Rio. A decisão foi publicada na terça-feira (2).
Então prefeito, Crivella chegou a ser preso
Crivella foi preso em 22 de dezembro do ano passado, faltando nove dias para deixar o cargo de prefeito. A Justiça do Rio também determinou o afastamento de Crivella do cargo.
Ele deixou a cadeia no dia seguinte, depois de conseguir uma decisão no STJ que o colocou em prisão domiciliar – situação que continua até hoje.
Delação da Lava Jato
A investigação sobre o suposto QG da propina na prefeitura teve início com a delação do doleiro Sergio Mizhray – que tinha sido preso na Operação Câmbio Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio.
Em sua decisão que recebeu a denúncia, a juíza Juliana Benevides escreveu que o doleiro deu detalhes sobre o esquema criminoso envolvendo membros da administração municipal, empresários, pessoas físicas e jurídicas que funcionavam como “laranjas”, além de operadores do esquema.
A juíza destacou também que, segundo o delator, esses operadores não tinham nenhum vínculo com a estrutura da prefeitura, mas mesmo assim interferiam nas tomadas de decisão, agilizando pagamentos a empresas específicas e interferindo nos processos de licitação, de forma a beneficiar aqueles empresários que concordavam em pagar propina ao grupo criminoso liderado pelo ex-prefeito Marcelo Crivella.
O que dizem os citados
A defesa de Marcelo Crivella disse que vai se manifestar depois que tomar ciência de decisão.
A defesa de Rafael Alves afirmou que o cliente “é vítima de excessos do Ministério Público, que escreve o que quer, mas não tem argumento de autoridade. Não há comprovação destas acusações, que serão cabalmente afastadas no curso do processo”.
Nota da defesa de Marcelo Faulhaber: “A imputação a Marcello Faulhaber é de tão simplesmente ter apresentado durante a campanha de Crivella o Sr. Arthur. Não participou de nenhuma atividade ilícita ou que recebeu qualquer benefício ou vantagem pessoal derivada do esquema imputado ao prefeito Crivella. Tendo em vista que o único ato descrito foi durante o processo eleitoral e que o valor relatado foi doado a campanha, irá ingressar o Ministério Público e a Justiça Estadual não podem apreciar a matéria. A defesa irá recorrer.”