Assessores da Câmara de Campos nomeados no Ceperj sacaram mais de R$ 200 mil em dinheiro - Tribuna NF

Assessores da Câmara de Campos nomeados no Ceperj sacaram mais de R$ 200 mil em dinheiro

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Ao menos 12 assessores de cinco vereadores de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, foram contratados pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Estado (Ceperj). Além do acúmulo de cargos públicos, que é ilegal, os servidores sacaram mais de R$ 200 mil em dinheiro, na boca do caixa de uma única agência bancária do município.

O RJ2 mostrou na última quarta-feira (3) que nessa mesma agência de Campos funcionários do Ceperj sacaram mais R$ 12 milhões.

Campos dos Goytacazes é reduto político do deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), atual líder do governo Cláudio Castro (PL) na Alerj. Todos os vereadores do município com assessores contratados no Ceperj são aliados de Bacellar, incluindo seu irmão, Marquinhos Bacellar.

As contratações do Ceperj estão sendo investigadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), pela Justiça e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Cerca de 18 mil pessoas foram contratadas pelo órgão com a autorização para receberem seus salários na boca do caixa, com ordem bancária, ou por meio de recibo de pagamento autônomo (RPA).

O caso ficou conhecido como “cargos secretos”, já que a nomeação das pessoas não era publicada no Diário Oficial. As formas de pagamento adotadas, segundo o Ministério Público do Rio, dificultam a rastreabilidade e facilitam a lavagem de dinheiro.

Na última segunda-feira (1), o MPRJ entrou com uma ação civil pública pedindo que o governo estadual e o Ceperj parem de fazer contratações de funcionários temporários sem a devida transparência.

A suspeita do MP é de que o órgão do governo venha sendo utilizado eleitoralmente.

Cunhada de deputado sacou R$ 22 mil

Entre os contratados do Ceperj está Bárbara Lima, namorada do vereador de Campos Marquinhos Bacellar. Bárbara é cunhada do deputado estadual Rodrigo Barcellar. Nos últimos dois meses, Bárbara sacou na boca do caixa de uma agência mais de R$ 22 mil.

Todos os 12 assessores que trabalham irregularmente em dois lugares estão distribuídos pelos gabinetes de cinco vereadores de Campos.

O vereador Rafael Thuin é o recordista em assessores que sacaram as verbas do Ceperj. Os seis funcionários de Thuin ganharam, juntos, mais de R$ 123 mil. São eles:

  • Luiz Carlos Cordeiro Chicri;
  • Cristiano Roza Pereira;
  • Edwaldo Lucena Vieira Junior;
  • Daniel Martins;
  • Wagner Nogueira Monteiro;
  • e Johnatan Cesário Ricardo

O RJ2 esteve em Campos para tentar falar com Rafael Thuin. O vereador não estava em seu gabinete, mas Luiz Carlos Chicre, que sacou R$ 28 mil de um cargo secreto, foi localizado no local.

Contudo, ele não quis responder as perguntas sobre seu cargo no Ceperj. Luiz Carlos, inclusive, se negou a dizer seu próprio nome.

“Meu amigo, eu não dou entrevista não. Dá licença”, respondeu o chefe de gabinete de Rafael Thuin ao ser encontrado pela reportagem.

 

Na última quarta-feira (3), Luiz Carlos postou um vídeo em uma de suas redes sociais e marcou o vereador Rafael Thuin e o deputado Rodrigo Bacellar.

Dos cinco vereadores que têm assessores acumulando o cargo secreto do Ceperj, nenhum estava na Câmara Municipal durante o horário do expediente nesta quinta-feira. São eles:

  • Maicon Silva da Cruz (PSC)
  • Igor Pereira (SDD)
  • Luciano Riolu (PDT)
  • Marquinho do Transporte (PDT)
  • Raphael Thuin (PTB)

Ao todo, os 12 assessores desses cinco vereadores fizeram 55 saques, contabilizando um total de R$ 207 mil.

Cabo eleitoral cita rachadinha

Um dos indicados pelo deputado Rodrigo Bacellar para um cargo secreto no Ceperj confirmou à reportagem do RJ2 que nunca trabalhou para o órgão do governo.

Sem revelar sua identidade, o funcionário disse que durante o tempo em que recebeu salário do Ceperj atuava como cabo eleitoral de Bacellar.

“Como a grande maioria das pessoas (trabalhava como cabo eleitoral). Muita gente, principalmente, se você for ligado a um vereador, ou ligado ao Rodrigo. O Rodrigo hoje ele tem a maioria dos vereadores. O pessoal brinca que ele é o governador de fato”, contou.

Questionado sobre as funções que exercia como cabo eleitoral, o funcionário do Ceperj explicou que atuava falando bem do deputado.

“Falar bem dele, curtir as coisas todas dele nas redes, facebook e no Instagram”, disse.

O funcionário confirmou também que era obrigado a devolver parte do dinheiro que recebia como salário, o que caracteriza a prática conhecida como rachadinha.

“Eu fiz uns seis saques. Seis. E uma parte desse valor era repassado. Um percentual de 70%”, completou.

O que diz o deputado

Desde as primeiras reportagens sobre o Ceperj a equipe do RJ2 vem pedindo posicionamentos ao deputado Rodrigo Bacellar. Nas últimas reportagens, ele não nos respondeu. Contudo, nesta quinta, ele falou sobre as denúncias no Ceperj no plenário da Alerj.

O parlamentar disse a verdade tem que ser apurada, mas sem espetáculos em período eleitoral. Bacellar também parabenizou o trabalho do Ministério Público e disse que as investigações têm que continuar.

Em nota, Rodrigo Bacellar informou que não pratica ilegalidades na vida pessoal e pública e que todas as pessoas contratadas pelo Ceperj passaram por processo seletivo.

Segundo o deputado, sua cunhada foi prestadora autônoma de serviço por dois meses, não ocupando cargo nem função pública.

Fonte: G1

Alerj

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