Delatores confirmam lavagem de dinheiro de propina de Cabral com concessionárias de automóveis
Delatores confirmaram, em depoimento à 7ª Vara Federal Criminal nesta quinta-feira (24), que concessionárias de automóveis foram utilizadas para lavar dinheiro do esquema criminoso comandado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).
Os depoimentos foram de Carlos Miranda, ex-braço direito de Cabral, e do empresário Adriano José Reis Martins, ligado ao grupo Dirija.
Como funcionava o esquema?
Adriano relatou que Ary Filho, ex-assessor de Cabral e membro da estrutura financeira da organização, levava o dinheiro de propina à empresa.
A concessionária, por sua vez, emitia uma nota simulando um serviço “fictício” feito para uma firma que pertence a Miranda.
A origem principal da propina, nestes casos, segundo Miranda, eram originários do grupo Itaipava. Seriam R$ 500 mil mensais, segundo ele, em troca de atos de ofício.
Desse valor, R$ 150 mil eram “lavados” no esquema das concessionárias, disse ele.
Num primeiro momento, o empresário Adriano acreditou que não seria possível cumprir o pedido.
“Falei que não tínhamos margem (de lucro) para isso. Ele (Ary) falou: ‘E se a gente entregar em dinheiro?’ Eu falei: ‘Mas tem os impostos’. E ele: ‘E se descontarmos os impostos?’. Aceitamos e nós assinávamos o canhoto da suposta prestação de serviço”, disse o empresário ligado ao grupo Dirija.
Sérgio Cabral estava ciente, diz ex-braço direito
Adriano disse ainda que a empresa não lucrava nada com isso, mas acreditava que poderia ter benefícios ao agradar o então governador.
Miranda confirmou a versão e implicou o ex-governador no esquema.
“Sérgio Cabral estava ciente o tempo todo. Ele sabia que eram usados os empresários das concessionárias. ‘Olha, Sérgio, vou lavar todo mês R$ 150 mil com o Ary’ e Sérgio Cabral respondeu: ‘Tá, pode fazer’. Eu prestava contas para ele e ele estava sempre ciente e concordava com o que a gente fazia”, afirmou o ex-braço direito.
A investigação sobre a lavagem de dinheiro com as concessionárias é desdobramento da Operação Calicute, a que causou a prisão de Cabral no final de 2016.
Cabral negou as afirmações.
“Fica claro pelo depoimento do colaborador Carlos Miranda que o senhor Sérgio Cabral não teve nenhuma participação no caso narrado pela acusação”, afirmou a assessoria de imprensa do ex-governador.
G1*
