04/09/2025
Política

TH Joias saiu de casa na véspera da operação e deixou tudo revirado; MPRJ investiga vazamento

O procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira, afirmou que determinou uma investigação sobre o possível vazamento das operações Bandeirante e Zargun. Segundo Campos Moreira, “houve uma certa dificuldade” para achar o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, do MDB. Ele e outras 14 pessoas foram presos nesta quarta-feira (3).

“O parlamentar havia saído do condomínio por volta das 21h40 [de terça, 2, véspera da operação], deixando a casa completamente desarrumada, o que pode sugerir uma fuga e o desfazimento de vestígios de fatos criminosos”, afirmou.

TH de fato não estava em casa, na Barra da Tijuca, quando as equipes chegaram e só foi encontrado horas depois na residência de um amigo, no mesmo bairro.

“Isso tem que ser apurado para que não ocorra o que mutas vezes ocorre: um trabalho de investigação e denúncias, e as prisões ficam no vazio”, declarou Campos Moreira.

TH, que tem imunidade parlamentar, foi preso porque, no entendimento do MPRJ, estava “em flagrante delito até o momento da operação” — como manter em seu gabinete pessoas ligadas ao Comando Vermelho (CV).

O parlamentar é suspeito de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas e acessórios para o CV. “Ele [TH] teria feito um movimento de R$ 5 milhões de compra de drogas”, afirmou Campos Moreira. “A finalidade do mandato era beneficiar a organização criminosa”, emendou.

“Antes do mandato, ele já integrava o CV, com uma condenação em mais de 14 anos por lavagem de capitais”, destacou Campos Moreira.

“Eu não posso dizer que o tráfico de drogas tenha eleito [o TH]. Mas eu posso afirmar que ele foi eleito para se valer do mandato a fim de beneficiar essa organização criminosa.”

O que dizem a Civil e a PF

O chefe da Polícia Civil, secretário Felipe Curi, afirmou que TH “não estava representando os interesses da população do estado do Rio de Janeiro”. “Ele estava representando os interesses do Comando Vermelho, de uma facção criminosa”, disse.

Fábio Galvão, superintendente da PF, disse que as investigações “compilaram um fartíssimo material probatório”. “Ele vendia e comprava drogas abertamente, em uma relação total de apoio ao Comando Vermelho”, declarou.

“A facção sempre vai buscar a infiltração no poder público. Eles conseguiram se infiltrar na polícia e na Assembleia Legislativa”, emendou.

A prisão

TH foi preso na manhã desta quarta-feira (3) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro (Ficco/RJ). Ainda segundo o procurador, a Alerj pode, em plenário, relaxar a prisão de TH.

O deputado e pelo menos outras 17 pessoas foram alvo de 2 operações simultâneas, de investigações convergentes.

Uma, a Zargun, cumpriu mandados expedidos pela Justiça Federal; outra, a Bandeirante, pelo Tribunal de Justiça do RJ — com base na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Nesse processo, 5 pessoas foram denunciadas, e 4 delas tiveram mandados de prisão — TH Joias foi um dos presos. O grupo responde, segundo o MPRJ, por associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito.

“Na PF, os fatos são outros, diversos dos apurados aqui pelo MPRJ. As investigações continuam para apurar a realização do tráfico de drogas”, explicou o procurador.

Para Antonio José, as investigações identificaram vínculos entre o deputado e o Comando Vermelho, com atuação nos Complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas.

Fonte: G1

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