São Francisco, daqui pra frente, é só pra trás
Por Alexandre Paiva
No Plano de Governo registrado no TRE-RJ, a candidata a prefeita de São Francisco Yara Cinthia da Coligação São Francisco Continua Pra Frente não poupou palavras. Prometeu, quase em tom de juramento, continuar tudo que deu certo no Governo Francimara. E não foi conversa vaga. Estava escrito, com todas as letras: “o grande primeiro desafio e compromisso assumido” seria manter “os serviços, obras e práticas realizadas durante o Governo de Francimara”.
O documento não economizava elogios à gestão anterior. Falava de um governo que cuidava, que unia, que transformava e impulsionava o município. E a mensagem para o povo era simples: se está dando certo, a gente não mexe, a gente continua e melhora.
E o povo acreditou. Yara colou seu nome ao de Francimara, surfou na aprovação da ex-prefeita, construiu seu palanque com tijolos erguidos por outra gestão. O próprio nome da coligação, “Continua Pra Frente”, soava como garantia de que nada do que foi conquistado se perderia.
Mas, depois da vitória, algo curioso aconteceu. Ao sentar-se na cadeira de prefeita, Yara parece ter sido acometida por uma estranha amnésia oportunista. O que antes era exemplo, virou esquecimento. E o que era promessa, transformou-se em silêncio.
E aqui não é só política. É sobre lealdade, palavra e respeito. É sobre olhar no olho do povo e dizer “pode confiar”, e depois, na maior desfaçatez, fingir que nunca disse…
E fica o questionamento, que nem precisa de resposta, mas que ecoa em cada esquina de São Francisco: como se chama alguém que promete manter o que deu certo, vence graças ao nome e ao trabalho da antecessora, e depois vira as costas para ela e para cada eleitor que acreditou nessa promessa?
