Rodrigo Bacellar ganha mais poder e abre caminho para eleição a governador do Rio
Por O Globo
A cena parecia rotineira. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Rodrigo Bacellar (União) entrou no plenário da Casa, construído onde era o antigo cofre do Banerj, para comandar mais uma sessão. Seria só mais uma, se não fosse o clima de festa criado pela principal votação desta quarta-feira: de aprovação do vice-governador Thiago Pampolha como conselheiro do Tribunal de Contas (TCE). Thiago estava com Bacellar, acompanhado pelo secretário de governo André Moura e o deputado Rodrigo Amorim (União) e foi muito parabenizado pelos parlamentares e políticos presentes na região. Mas não só ele. Bacellar também fez questão de cumprimentar um a um e recebeu os cumprimentos efusivos. Apesar da vaga ao TCE ser de indicação do governador, toda a costura partiu do presidente da Assembleia a partir de seu desejo, que se torna cada vez mais viável: se tornar governador antes mesmo da eleição de 2026.
O presidente da Alerj não tinha como sonho político inicial ocupar o Palácio Guanabara. Advogado, ele trabalhou por anos junto do conselheiro do TCE José Gomes Graciosa e almejava uma das vagas vitalícias no tribunal. No entanto, os ventos mudaram de direção e seu alvo passou a ser a cadeira de governador. Ele ainda não admite publicamente, mas aos deputados já deixou claro que será candidato no ano que vem.
— Sei a responsabilidade que a gente tem quando vai crescendo muito na vida pública e consigo entender, hoje, através do livro de provérbios que: “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor.” — disse Bacellar de sua cadeira a Pampolha que acompanhava a votação do plenário.
A ida do ex-vice-governador ao TCE é estratégica nos planos do presidente da Alerj. Cláudio Castro (PL) deve renunciar para concorrer a uma das vagas ao Senado no ano que vem. E num Rio sem governador ou seu vice, apenas uma eleição indireta pela Alerj separariam Bacellar do Palácio Guanabara para o restante do atual mandato. Conforme adiantou o colunista do GLOBO Lauro Jardim, são discutidos três cenários para a renúncia de Castro: em outubro deste ano, no início de 2026 ou em abril que vem, prazo máximo previsto em lei.
Mas antes mesmo de sentar na cadeira de governador, Bacellar já é tratado por muitos nos bastidores como tal. Ontem, ele recebeu uma comitiva de quatro prefeitos do Norte e Noroeste Fluminense, seu maior reduto eleitoral. Já no plenário, o deputado Felipe Poubel (PL) discursava contra ações de reboques no estado e foi interrompido por Bacellar. O presidente da Alerj então anunciou que conversou com secretário de Governo André Moura na véspera e chegaram num acordo para desengavetar a regulamentação do Estatuto das Blitzes. O tema é um dos temas do mandato de Poubel, Amorim e Alan Lopes (PL), deputados muitos próximos de Bacellar. A criação de regras já tinha sido anunciada por Castro em 2023, mas desde então era só promessa.
— O Segurança Presente, e Vossa Excelência vai assumir esse cargo de Governador em breve, está sedi usado para ficar parando moto para a Guarda rebocar. Eue leve essa reclamação da população de Niterói e das cidades adjacentes ali — pediu Poubell a Bacellar em seguida.
Longa construção
Os primeiros movimentos de Bacellar para se lançar a governador começaram pouco depois das últimas eleições municipais. Mas a virada de chave foi sua reeleição à presidência da Alerj. Dois anos antes ele foi eleito presidente num pleito conturbado e com racha na base governista. Para a votação de 2025, ele adotou outra tática. Passou o recesso do início do ano construindo uma chapa e acordos que agradassem a gregos e troianos. E conseguiu. Foi o primeiro presidente da Alerj eleito de forma unânime — força essa que precisará repetir na eleição indireta, caso ocorra.
E essa é uma de suas virtudes, contam de aliados à adversários. Apesar de estar apenas no seu segundo mandato, ele é considerado um político que constrói e, ainda mais importante, cumpre os acordos. E apesar de centralizar as costuras político-partidárias é um personagem de difícil acesso para resolução de demandas locais, reclamam muitos prefeitos do interior. A seu grupo de confiança, ele repassa essas missões como seus chefes de gabinete Rui Bulhões e Márcio Bruno Carvalho.
Com os 70 votos em mãos, ele se fortaleceu para ser o candidato de Castro em sua sucessão, ultrapassando Pampolha que teve rusgas com o governador nos útlimos anos. Mas o ex-vice-governador ainda tentou viabilizar seu nome nas últimas semanas e até criou um podcast para tratar sobre assuntos do governo estadual. Mas em uma reunião entre os três e dirigentes partidários nacionais do União Brasil e Progressistas ficou decidido
Fonte: O Globo
