19/10/2025
Polícia

Quadrilha que aplicava golpe da falsa central de banco é presa na Barra da Tijuca; bando faturou R$ 25 milhões em três anos

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na quinta-feira (16), em uma mansão de luxo na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio, quatro integrantes de uma organização criminosa especializada no chamado “golpe da falsa central de banco”, que fez mais de duzentas vítimas em todo o país e movimentou mais de R$ 25 milhões em três anos. Foram detidos no local Andrey da Silva Raimundo, de 21 anos, Caio Henrique Domingos da Silva, de 22, Caroline da Silva de Araújo, de 28, Felipe Domingos Vicente da Silva, de 30, todos de São Paulo e apontados como chefes da quadrilha.

O golpe ocorria quando criminosos se passavam por funcionários de instituições financeiras e, com aparência de legitimidade, induziam as vítimas a acreditar que havia uma fraude em suas contas. Sob esse pretexto, orientavam-nas a fornecer senhas, instalar aplicativos de acesso remoto ou realizar transferências para contas controladas pelo grupo criminoso.

De acordo com o delegado Ângelo Lages, titular da 12ª DP (Copacabana), unidade que efetuou a prisão dos investigados no Rio, os alvos preferenciais da quadrilha eram idosos. Uma das primeiras vítimas do bando é de Florianópolis. A próxima etapa da investigação no Rio é saber se houve vítimas em território fluminense.

— Eles tiveram acesso privilegiado, a investigação ainda não sabe como, a cerca de 70 mil dados de clientes de instituições financeiras. E não só informações de cadastro, mas a quantia que a pessoa tinha na conta bancária, valor do cheque especial, valor de investimento, além de foto e nome do gerente da agência. Com isso em mãos, eles ligavam para os correntistas se passando pelo gerente e incutiam o medo nesses clientes. Diziam que a conta estava prestes a sofrer uma fraude e que havia um PIX de R$ 30 mil, R$ 50 mil agendado. Achando que sofreria uma fraude, a vítima acabava fornecendo seus dados ou transferindo valores para contas da quadrilha. Depois, os integrantes sacavam esse dinheiro e faziam depósito fracionados, de R$ 2 mil, em contas de empresas de fachada ligadas à quadrilha — detalha Lages.

As investigações apontam que, o bando usava empresas de fachada para ocultar e dissimular a origem ilícita dos valores roubados, que usados na compra de veículos, imóveis e artigos de luxo. A Justiça determinou bloqueios judiciais de até R$ 14 milhões dos investigados (pessoas físicas e jurídicas), indisponibilidade de imóveis, sequestro de veículos e apreensão de bens de alto valor, como joias, relógios, roupas de grife e perfumes importados.

‘Vida de luxo e ostentação’

Os quatro integrantes da quadrilha foram encontrados numa mansão de alto luxo na Barra da Tijuca, com comodidades como piscina, sauna, sala de jogos, academia, ampla área de convivência ao ar livre e espaço gourmet. Eles chegaram ao local quatro dias antes de serem presos, no último domingo (12), e estavam pagando uma diária de R$ 6 mil.

— Eles ainda tinham três funcionários para servi-los: uma cozinheira, uma faxineira e um piscineiro — conta o delegado Ângelo Lages. — Eles usavam o dinheiro roubado para bancar e ostentar uma vida de luxo, com carros importados, imóveis de alto padrão, joias, artigos de grife e passeios de iate. A Caroline, por exemplo, exibiu nas redes sociais a compra de um tênis de R$ 8.300 da Louis Vuitton, além de gostar de aparecer dirigindo um Porsche. Eles realmente não estavam se importando em gastar o dinheiro dos outros.

Origem das investigações em Florianópolis

As investigações tiveram início em julho de 2024, após uma vítima de Florianópolis sofrer prejuízo de aproximadamente R$ 100 mil. A partir das diligências, foi possível identificar os responsáveis pelo golpe, todos residentes no estado de São Paulo.

Foram expedidos 11 mandados de prisão temporária e 20 mandados de busca e apreensão. Na última terça-feira (14), a Polícia Civil de Santa Catarina, em conjunto com a Polícia Civil de São Paulo, deflagrou a Operação Central Fantasma e cumpriu em São Paulo, Guarulhos e Bertioga os mandados de busca e prendeu quatro criminosos. Foram recolhidos aparelhos celulares dos investigados, que ajudarão na continuidade das investigações, e apreendidos aproximadamente R$80 mil em espécie e um veículo HONDA/HRV.

A ação de quinta-feira no Rio foi resultado de um trabalho integrado da Polícia Civil fluminense com a de Santa Catarina, que percebeu a possibilidade da liderança da quadrilha, que não foi localizada durante a operação de terça-feira, estar no estado.

Os investigados responderão pelos crimes de fraude eletrônica, associação criminosa e lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98).

— Esse é um golpe bem elaborado, e os correntistas precisam se cercar de alguns cuidados. O primeiro passo é desconfiar e, na dúvida, ir até a agência bancária para saber se procede a informação sobre a fraude. Em caso de banco virtual, a orientação é entrar em contato com a instituição por meio dos canais oficiais — aconselha Ângelo Lages.

Com informações O Globo.

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