PF deflagra Operação Enterro dos Ossos contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro no RJ e SP
A Polícia Federal iniciou nesta terça-feira (17) a Operação Enterro dos Ossos, contra evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A ação é um desdobramento da Operação Patrón, de novembro de 2019, e da Operação Câmbio Desligo, de maio de 2018 — ambas no âmbito da Lava Jato.
Agentes saíram para cumprir 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do RJ, em residências e empresas localizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Uma equipe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor/PF) foi para um condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
O objetivo nesta terça é aprofundar as investigações acerca de pessoas físicas que mantém ou mantiveram bens e recursos no exterior não declarados às autoridades brasileiras, além de praticar operações suspeitas de “dólar-cabo”.
“‘Enterro dos ossos’ é uma expressão utilizada no Brasil sobre o costume de as famílias voltarem a reunir-se no dia seguinte da ceia do Natal para continuar a refeição da noite anterior”, explicou a PF.
A Operação Patrón
Deflagrada em novembro de 2019, a Operação Patrón foi um desdobramento da Câmbio, Desligo, ação anterior da Lava Jato no Rio de Janeiro. Entre os alvos estavam o doleiro Dario Messer e o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes.
Havia a suspeita de que Cartes ajudou Messer a fugir.
Em espanhol, a palavra patrón significa patrão, e segundo a PF era o ermo reverencial com que Messer se referia a Horacio Cartes. Segundo a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Cartes é amigo da família Messer há décadas.
Desta vez, a ação teve como alvos pessoas que supostamente ajudaram Dario Messe a fugir da Justiça ou a ocultar seu patrimônio.
A Operação Câmbio Desligo
Em maio de 2018, a força-tarefa da Lava Jato prendeu 30 pessoas em quatro estados. Os alvos eram doleiros suspeitos de movimentar R$ 1,6 bilhão em 52 países. O ex-governador Sérgio Cabral foi um dos investigados.
Os suspeitos integravam um sistema chamado Bank Drop, no qual doleiros remetem recursos ao exterior através de uma ação conhecida como “dólar-cabo”.
Trata-se de um câmbio que envolve depósitos em contas em diferentes países, mas o dinheiro não é rastreável pelo Banco Central: doleiros recebem no Brasil e compensam em contas no exterior. Por não haver remessa, muito menos registro, o montante escapa das autoridades e dos impostos.
O “vultuoso” volume de recursos desviados, nas palavras dos investigadores, envolveu dezenas de doleiros espalhados pelos principais centros comerciais do país. A operação só foi possível porque dois deles, Vinicius Clarer, o Juca, e Cláudio Fernando Barboza, o Tony, fizeram delações premiadas.
