07/05/2025
Política

Ofensiva no interior e na TV reforça construção da candidatura de Paes ao governo do estado no ano que vem

Por Caio Sartori e Marcelo Remigio, do O Globo

Inserções do PSD na TV e a movimentação de Eduardo Paes no interior e na Região Metropolitana reforçaram nas últimas semanas a construção da candidatura do prefeito da capital a governador nas eleições do ano que vem. Na televisão, Paes explorou o tema da segurança pública e indicou que “a mudança vai chegar”. Já nas ruas, ele e aliados têm visitado prefeitos, vereadores e outras lideranças políticas — parte delas descontente com o governo do estado — para costurar alianças.

— A insegurança assombra as cidades do Estado do Rio. As pessoas vivem com medo dos assaltos e dos tiroteios que acontecem em plena luz do dia. Muita gente acha que essa é uma batalha perdida e que os criminosos venceram. Eu, não — diz Paes na propaganda partidária. — Há quatro anos pensavam o mesmo sobre o BRT do Rio, mas conseguimos reconstruir, ampliar e modernizar todo o sistema. Não perca a fé, a hora da mudança vai chegar.

Em outra peça veiculada nos últimos dias, quem fala é o presidente estadual do PSD, Pedro Paulo, aliado de Paes. Defensor do projeto do prefeito de disputar o Palácio Guanabara, o deputado federal conclui o vídeo com um vaticínio ainda mais incisivo:

—A hora de o PSD governar o Estado do Rio vai chegar.

Além de Paes, Pedro Paulo tem percorrido municípios. Entre março e abril, esteve em 30 deles e espera fechar neste semestre, junto com o prefeito e outros emissários, as 91 cidades fluminenses, fora a capital. As visitas buscam atrair aliados do governador Cláudio Castro (PL) e do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), detentores de capilaridade e de parceiros-chave nos locais mais populosos do Rio. Para evitar constrangimentos, as visitas aos mais fiéis a Castro e Bacellar são reservadas, sem divulgação pelas redes sociais.

— Paes está muito bem nas pesquisas de intenções de voto, o que credencia o partido a trabalhar seu nome numa pré-campanha, mesmo que ele diga que não será candidato. Não tem como não trabalhar. — diz Pedro Paulo. — Há uma reclamação generalizada no interior da falta de investimentos. Não encontramos nem placas velhas, anunciando obras. Os prefeitos até gostam do Cláudio Castro, mas é um governo fraco.

O descontentamento com Castro e Bacellar, também pré-candidato ao Palácio Guanabara, abriu espaço para Paes, avaliam os interlocutores do prefeito. Se o governador é criticado pela falta de investimentos e de entregas de obras prometidas, as reclamações sobre o chefe da Alerj são por falta de espaço na agenda para prefeitos e lideranças locais.

Cálculo político
Apesar disso, o entorno de Paes trabalha com a expectativa de que o grupo de Castro chegará com força política e econômica no ano da eleição. Os partidos com o maior número de prefeituras no estado — PL, PP e União, sendo os dois últimos agora parte de uma federação — compõem a base do governador, que tem ainda outros aliados relevantes, como o MDB. Com espaços privilegiados na administração, as siglas têm dificuldade de “comprar” de forma antecipada uma candidatura de oposição, e o jogo nacional, com Paes vinculado ao presidente Lula, tende a ser outro empecilho.

Além das andanças, outra frente do prefeito tem sido o apoio a reivindicações específicas. Em abril, ele afirmou que está disposto a abrir mão de parte das receitas dos royalties de petróleo a que a capital tem direito para favorecer São Gonçalo. Com quase 1 milhão de moradores, a cidade é o terceiro maior colégio eleitoral do estado, atrás da capital e, por pouco, de Duque de Caxias. O município da Região Metropolitana, junto com Guapimirim e Magé, é autor de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em que pede mais verbas do petróleo.

Na eleição de 2024, o principal adversário de Paes, Alexandre Ramagem (PL), decidiu dar protagonismo à segurança pública e o prefeito aproveitou o gancho para intensificar as críticas ao governo Castro. Desde então, Paes passou a abordar mais o tema. O prefeito já sugeriu uma força municipal armada, mas acabou convencido de que seria melhor criar um novo braço dentro da própria Guarda Municipal.

Paes afirmou na eleição que não deixaria o novo mandato no meio para disputar o governo, mas aliados acreditam que não haverá problema algum na hora de comunicar à população a mudança de planos. Pesquisa interna do PSD indica que a maior parte da população vê com bons olhos o movimento.

Segundo Pedro Paulo, a sigla não poderia deixar de abordar na propaganda a segurança, classificada por ele como “o maior problema real” do Rio:

— Não precisa nem de pesquisa para atestar isso, as pessoas estão sofrendo. O prefeito tem uma posição

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