Lula não conhece Napoleão
Por Douglas Barreto da Mata
Eu adoro a frase de Napoleão: “não incomode seus adversários, enquanto eles cometem erros”. Com certeza eu já a usei várias vezes, em vários textos. Acho que o presidente Lula não a conhece. Alguns petistas, e alguns eco militantes também não. Bem, para não dizer que não falei da “técnica”, o último refúgio desse pessoal.
O grande erro, ou má fé mesmo, é desconsiderar que os biomas e regiões climáticas, às vezes dentro de casa uma delas, têm variações significativas, e mais, a velocidade com que os marcadores climáticos se movem, hoje em dia, pela geografia não permite mais o engessamento das classificações.
Assim, a questão principal é: Mesmo com a presença de restos de Mata Atlântica, e alguma diferença na hidrologia, os regimes pluviométricos da região norte e noroeste podem ser considerados análogos ao semiárido? Ontem, eu ouvi o enviado do Lula falar que somos “semi úmidos”. Truque semântico, porque o que é meio molhado é meio seco e vice-versa. Ou seja, se o nordeste brasileiro é semiárido, em parte, ele tem metade (semi) umidade também, não? Pois é.
Campos dos Goytacazes e arredores não terão caatinga, vegetação apenas de copa baixa, solos arenosos, base geológica de pedras, talvez em São Francisco do Itabapoana e em algumas outras partes de São João da Barra ou no norte de Campos, em Morro do Coco e localidades vizinhas.
O que devemos dizer aos “eco militantes” dizem é o seguinte: Atacama e Saara são desertos diferentes, um tem lagunas de sal, formações típicas de altiplanos e limítrofes de vulcões, o outro não, tem formação geológica diferente, acontece onde já foram florestas e savanas, e tem pequenos reservatórios de água, os oásis.
A despeito do debate “técnico”, a questão que ninguém responde: Como é que em 6 anos de tramitação do PL do semiárido, tendo ocorrido várias confirmações de Congresso, governos diferentes, nenhum dos argumentos “técnicos” prevaleceu? Tem um eco militante que diz, “ah, a assessoria do Congresso falhou, mas a assessoria do governo Lula funcionou e vetou”.
Mas como? Jacques Wagner, o czar petista do Senado, homem da cozinha de Lula, articulou a aprovação sem avisar o chefe e seus assessores técnicos? Bom, se foi assim, eu acho que Jacques quis sabotar o Lula, ou eles cometeram o maior erro político dos últimos tempos. Lula manda seu governo aprovar o que ele vetará?
Em uma eleição que vai ser decidida por uma margem de 3, 4, 5 milhões de votos, Lula acaba de lançar a plataforma política de oposição interior do Estado, que tem tudo para virar uma onda e capturar outras alianças com a Baixada, e “tomar o pirulito” do seu aliado Eduardo Paes.
Então, cabe ao interior do Estado acolher o conselho de Napoleão, e deixar esse pessoal a caminho do precipício.