28/10/2025
Política

Lewandowski: ou Cláudio Castro assume responsabilidades ou deve ‘jogar a toalha’

ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski
Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski (Foto Agência O Globo)

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reagiu duramente nesta terça-feira (28) às declarações do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que responsabilizou o governo federal pela escalada da violência no estado. Em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Lewandowski afirmou que Castro precisa “assumir as suas responsabilidades” ou admitir que perdeu o controle da segurança pública.

“Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal”, disse o ministro, em referência à Garantia da Lei e da Ordem — medida que autoriza a atuação das Forças Armadas em situações excepcionais de segurança. “Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime”, completou.

Governo federal rebate acusações

A resposta veio após o governador afirmar que o Rio “nunca teve o auxílio de blindados nem de agentes das forças federais” e que seus pedidos de apoio foram ignorados por Brasília. Lewandowski, no entanto, negou categoricamente essa versão e acusou Castro de tentar transferir responsabilidades.

“Ele tenta jogar a culpa nos outros, mas nunca fez qualquer pedido nesse sentido [de atuação das forças federais e da defesa, inclusive com blindados]”, afirmou. Segundo o ministro, para que o governo federal intervenha, o estado precisa formalizar uma declaração reconhecendo que suas forças de segurança não têm condições de enfrentar o crime organizado.

“Legalidade extraordinária” e riscos de intervenção

Lewandowski destacou que medidas como a GLO ou a intervenção federal são “excepcionais e gravíssimas”, pois substituem “a legalidade ordinária pela legalidade extraordinária”. Ele frisou que o ideal seria o próprio estado conseguir conter a crise com seus recursos e planejamento.

“O que está acontecendo agora no Rio é uma loucura”, disse o ministro, classificando a onda de violência como sintoma da falta de integração e inteligência policial. “Guerra civil e força bruta não acabam com o crime organizado. O combate ao crime se faz com inteligência, planejamento e integração.”

Exemplo de São Paulo

O ministro citou a Operação Carbono, realizada recentemente em São Paulo, como exemplo de ação eficiente contra o crime organizado. A operação reuniu a Polícia Federal, a Polícia Militar paulista, o Ministério Público Federal e a Receita Federal.

“Ninguém morreu e a organização criminosa foi debelada. É assim que se combate o crime organizado”, afirmou.

Lewandowski também lembrou que Cláudio Castro foi contrário à proposta da PEC da Segurança, que buscava ampliar a cooperação entre forças estaduais e nacionais — algo que, segundo ele, poderia ter fortalecido o combate ao crime no Rio.

Impasse político em meio ao caos

As declarações do ministro agravam o embate entre o governo federal e o estadual no momento mais tenso da segurança pública fluminense nos últimos anos. A megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, deflagrada nesta terça-feira, já é uma das mais letais da história do Rio, com dezenas de mortos e diversos pontos da cidade bloqueados por criminosos.

Lewandowski concluiu afirmando que, diante da gravidade da situação, é hora de o governo do estado decidir se continuará tentando agir sozinho ou se reconhecerá a necessidade de uma intervenção mais ampla.

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