Justiça aceita denúncia contra Turnowski por obstruir investigações contra Maurício Demétrio
A Justiça aceitou a denúncia contra o ex-secretário de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, que virou réu por obstrução de justiça.
O juiz Bruno Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada, ainda proibiu Turnowski de exercer qualquer função pública e até mesmo acessar lugares vinculados à polícia.
Ele é acusado de atrapalhar as investigações contra uma organização criminosa que agia em Petrópolis e exigia propina de lojistas.
O esquema era comandado, segundo o Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), por Maurício Demétrio, ex-delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM).
Uma conversa em 2020 entre Turnowski mostra, segundo a Justiça, que os dois já sabiam da investigação sigilosa contra a suposta organização criminosa chefiada por Demétrio.
Na época, Turnowski era diretor geral de polícia da Capital. Demétrio pede a ele que procure o secretário da Polícia Civil. Os diálogos revelam a ligação entre ambos, de acordo com o MP:
“Fala com o zero um amanhã. Mas não passa recibo que vou atacar não. Fala que o registro de ocorrência 1062020 está esquisito. Para ele olhar”
Turnowski responde em seguida: “Boa, vou nessa linha”.
O MP também acusa Demétrio de forjar uma operação contra o delegado Marcelo Machado, que investigava a delegacia de Maurício Demétrio.
Em uma mensagem obtida durante as investigações, Demétrio diz que Turnowski deu total apoio à prisão em flagrante de Marcelo Machado.
Celular nunca encontrado
As conversas foram encontradas somente em um dos celulares apreendidos com Demétrio, já que o aparelho celular de Turnowski nunca foi encontrado.
Turnowski alegou aos agentes que o aparelho foi roubado na noite anterior à operação em que ele foi alvo de busca e apreensão.
Mas a Justiça descobriu que, na véspera da operação, o celular do ex-secretário de Polícia Civil parecia estar bem perto dele.
Naquela noite, as últimas antenas registradas são da área de cobertura que abrange a residência de Turnowski, um condomínio na Barra Da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.
Segundo o juiz Bruno Ruliere, as informações sugerem que o delegado mentiu e voltou para casa com o seu telefone, e que ele pode ter ocultado o aparelho, que poderia servir como prova.
Turnowski, que chegou a ser preso, foi solto dias depois e responde em liberdade.
Defesas
A defesa de Allan Turnowski afirma que a denúncia apresentada contra ele é “inócua” e que já apresentou recursos, inclusive em tribunais superiores, pedindo a nulidade absoluta do processo.
A defesa de Maurício Demétrio não quis se pronunciar.
Fonte: G1
