Golpe do falso leilão de carros faz vítimas no Rio; golpistas ‘clonam’ sites de pregoeiros e somem após arremate

Depois de encerrar a empresa que tinha, o desempregado Maurício Corrêa viu na compra de um carro de leilão a chance de recomeçar como motorista de aplicativo. Ele entrou em um site que acreditava ser do João Emílio Leiloeiro, bastante conhecido no mercado, e arrematou um veículo. Pouco depois, descobriu que havia sido vítima de um golpe.
Maurício alegou um prejuízo de R$ 56 mil. Ele transferiu R$ 41,7 mil pelo carro e pagou mais R$ 14 mil sob a justificativa de que o lance não havia atingido o valor mínimo exigido pelo banco. “Quando cheguei no local para retirar o carro, a atendente disse: ‘Isso aqui não é nosso, você caiu num golpe!’”, relatou.
Segundo Maurício, o site era visualmente idêntico ao verdadeiro. “Já era um leilão que eu conhecia por já ter ido presencialmente, que é o João Emílio. Então optei por esse”, contou. A diferença estava apenas no endereço da página: em vez de “com.br”, os golpistas usavam “.org” ou “/br”.
Outro caso é o de Cláudio Gomes de Lima, que perdeu R$ 21 mil. Ele também acreditou estar negociando com o leiloeiro verdadeiro. “Dei o lance e, no dia seguinte, entraram em contato comigo dizendo que eu tinha sido contemplado. Achei estranho, mas tinha tudo: meus dados, o cadastro que eu tinha feito. Depois vi que era golpe”, afirmou.
Nos sites falsos, os criminosos chegam a usar o endereço físico real da empresa João Emílio Leiloeiro e divulgam números de telefone e WhatsApp para manter contato com as vítimas.
Em nota, o João Emílio Leiloeiro informou que os golpes de falsos leilões se multiplicaram desde 2020 e que há grande dificuldade em retirar as páginas do ar, já que muitas estão hospedadas fora do país. A empresa alerta que o único domínio oficial é joaoemilio.com.br e recomenda que o público desconfie de ofertas muito abaixo do preço de mercado e verifique se as transações são feitas diretamente com o nome do leiloeiro.
A empresa também destacou que as transferências devem ser feitas apenas para contas em nome próprio do leiloeiro público e que o interessado visite os veículos antes da compra.
O especialista em cibersegurança Alberto Jorge alerta que os golpes se sofisticaram. “Evite clicar em qualquer link. Verifique se o portal é de fato do leiloeiro. Procure o domínio oficial e busque relatos de outras pessoas. E, se você for leiloeiro, é importante monitorar a internet para detectar o uso indevido da sua marca”, orientou.
A Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento. Agentes analisam documentos e realizam diligências para identificar os responsáveis.

Com informações G1.


