15/05/2025
Política

Futuro em jogo: como o resultado das eleições vai afetar o futuro das crianças

Prefeitura de Campos

Como falar em futuro, quando a infância do país está em risco? O retrato atual do Brasil que vai às urnas no próximo domingo, dia 30 de outubro, indica um aumento da desnutrição infantil, uma queda na taxa de imunização e uma redução no número de crianças que conseguem ler e escrever na idade certa. Como falar em futuro melhor sem comida, saúde e educação?

– As pessoas precisam analisar bem o seu candidato. É um absurdo que o Brasil, com todas as riquezas que tem, esteja neste quadro caótico – analisa José Maria Rangel, diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense e ex-membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da República.

Segundo Zé Maria, a Petrobrás poderá voltar a exercer um papel importante nesse contexto. De acordo com uma lei de 2010, do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 75% dos recursos oriundos do pré-sal devem ser usados na educação e 25% na saúde. “Além de assegurar esses recursos, garantindo que a Petrobrás continue sendo uma empresa do povo brasileiro, é preciso eleger um presidente que esteja realmente comprometido com as causas sociais”.

Desnutrição em alta

Um levantamento realizado pelo Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz e da Unifase, apontou que, em 2021, o Brasil teve a maior taxa de internação de bebês por desnutrição dos últimos 14 anos. Foram oito crianças de até 1 ano de idade levadas ao hospital todos os dias por falta de comida. Em números absolutos, 2.939 crianças de até 1 ano precisaram de internação no ano passado. Isso representa uma taxa de 113 internações por 100 mil nascimentos, quase 11% a mais do que foi registrado em 2008, primeiro ano do período analisado pela pesquisa.

De janeiro a agosto de 2022, o número de internações aumentou 7%. Por dia, são quase nove crianças levadas ao hospital porque têm fome. A situação mais complexa é registrada na Região Nordeste, onde o número de hospitalizações está 51% maior do que a taxa nacional. Mas o coordenador da pesquisa, Cristiano Boccolini, afirma que o problema é grave em todo o país.

Vacinação em queda

E não para por aí. Junto à insegurança alimentar, a taxa de vacinação infantil no país vem sofrendo uma queda brusca. Uma publicação apresentada pelo portal oficial da Fiocruz indica que a taxa de imunização caiu de 93,1% para 71,49%. A publicação tem como fonte uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça esse dado, colocando o Brasil entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo.

A falta de vacinação deixou a população infantil exposta a doenças que há muitos anos não eram mais motivo de preocupação. Um exemplo é o sarampo, que foi erradicado no país em 2016, mas em 2018 voltou a registrar casos no país. Além do sarampo, outras doenças, como a poliomielite, a meningite, a rubéola e a difteria correm o risco de voltar a acometer as crianças.

Dificuldades na educação

Na educação, o percentual de crianças de 6 e 7 anos que não foram alfabetizadas passou de 25,1% em 2019 para 40,8% em 2022, segundo levantamento da organização não governamental Todos pela Educação. Coordenador de políticas educacionais da instituição, Ivan Gontijo afirma que ‘os dados reforçam o impacto da pandemia na educação, com o aumento do número de alunos fora da escola por abandono ou evasão, queda na aprendizagem e aumento das desigualdades no recorte raça e cor e condições econômicas’.

Um levantamento produzido com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica que as crianças pretas e pardas que não sabiam ler nem escrever passaram de 28% em 2019 para até 47%, em 2021. Já entre as brancas o aumento foi de 20,3% para 35,1% no mesmo período.

A não alfabetização na idade adequada traz prejuízos para aprendizagens futuras das crianças e aumenta os riscos de reprovação, abandono e até evasão escolar. “Se não sabe escrever e ler, ela vai ter dificuldade nas diferentes esferas da vida, vai ser menos autônoma e sofrer em sala de aula”, conclui Gontijo.

Há muitos questionamentos. As respostas virão a partir de domingo.

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